Escritor, dramaturgo, teatrólogo e cineasta, Márcio Souza deixa obras reconhecidas nacional e internacionalmente

Teve início às 17h desta segunda-feira (12/08), no Centro Cultural Palácio Rio Negro, o velório do escritor, dramaturgo, teatrólogo e cineasta Márcio Souza. O escritor faleceu na manhã desta segunda-feira (12/08), aos 78 anos, em Manaus, vítima de um infarto. O sepultamento ocorre nesta terça-feira (13/08), às 16h, no Cemitério São João Batista.

Nascido em Manaus, em 1946, Márcio Souza foi um dos maiores nomes da cultura amazonense. Atuou em diversas frentes das artes e da cultura no estado do Amazonas, se destacando especialmente na literatura e no teatro.

Segundo seu irmão, Amecy Souza, Márcio Souza começou a passar mal no final da tarde de domingo. “Como a gente mora em apartamento um do lado do outro, ele foi lá, disse que estava passando mal com dor no coração. A minha filha queria levar ele para o médico, domingo às 7h, mas ele disse: ‘Não, minha filha, pare com isso. Eu vou me deitar, segunda-feira estou bem,’”, contou o irmão.

“Mas, o importante é que o Márcio deixe um legado para a cultura, para a literatura, e isso é o valor dele. Quer dizer, ele deixou a marca dele na existência. Lamentavelmente, ele não conseguiu o que ele queria. Que ele queria chegar aos 85 anos, porque o nosso pai morreu aos 84. Ele disse que ele passava do papai e não conseguiu”, comentou Amecy Souza.

O ator, poeta e jornalista Dori Carvalho lamentou muito o falecimento do amigo de décadas. “Estava me lembrando que eu cheguei em Manaus com quatro nomes na mala e um dos nomes era o Márcio Souza. Eu já tinha lido o ‘Galvez’ e já tinha lido ‘A Expressão Amazonense ‘e jamais imaginei que eu viria viver toda a minha vida em Manaus”, lembra Dori, que chegou a Manaus no final da década de 70 do século passado.

“Logo em seguida ele me chamou para participar do grupo de teatro Tesc. Montamos uma peça dele e, desde lá, ficamos amigos. Enfim, Márcio Souza é a mais completa tradução desta cidade de Manaus, do Amazonas, da Amazônia, com sua verve literária, a ironia sempre divertida e sempre presente, é uma tristeza muito grande, tinha tanto ainda a nos dar”, lamenta o amigo poeta.

Para o secretário de Cultura e Economia Criativa, Marcos Apolo Muniz, chega a ser difícil enumerar tudo aquilo que Márcio Souza fez pelo Estado do Amazonas. “Para a gente foi muito prazeroso conviver com ele nos últimos tempos, ele como diretor da nossa Biblioteca Pública do Estado do Amazonas”, disse o secretário,

“Ele que já esteve à frente da Biblioteca Nacional, ele que já esteve à frente da Funarte, com muitos títulos editados em diversas línguas, alguém que realmente falava da Amazônia muito bem, então fica aqui o nosso respeito e admiração a essa memória tão importante, dessa pessoa tão generosa que tão bem compartilhava todo o seu conhecimento”, declarou Marcos Apolo

O legado

Na literatura, Márcio Souza é autor de obras que já constam entre os grandes clássicos da literatura brasileira, como “Galvez, Imperador do Acre” (1976) e “Mad Maria” (1980). Este último foi adaptado para Televisão pela Rede Globo, em 2005, se tornando uma minissérie de Benedito Ruy Barbosa sobre a construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré.

Outras grandes obras de sua autoria são “A Invenção da Amazônia”, “Amazônia Indígena”, “A Caligrafia de Deus”, “Operação Silêncio”, “O Fim do Terceiro Mundo” e “Lealdade”, pelo qual recebeu o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte, em 1997.

Márcio Souza também escreveu para teatro. E, mais que isso, fez teatro em Manaus com o grupo de Teatro Experimental do Sesc, o Tesc, o qual liderou em dois momentos distintos: do início dos anos 70 até o início dos anos 80 do século passado. e entre os anos 2000 e 2010.

Com o grupo Tesc, Márcio Souza escreveu e encenou espetáculos de teatro memoráveis, como “A Paixão de Ajuricaba”, “As Folias do Látex”, “Jurupari – A Guerra dos Sexos”, a cantata “Dessana, Dessana”, entre outro. Também dirigiu o filme “A Selva”.

Intelectual de ressonância nacional, Márcio Souza foi diretor da Biblioteca Nacional e da Fundação Nacional de Artes (Funarte). Atualmente, era diretor da Biblioteca Pública e do Departamento de Gestão de Bibliotecas da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Governo do Amazonas.

FOTOS: David Martins / Secretaria de Cultura e Economia Criativa

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