Os estudos fazem parte da concepção de um novo programa socioambiental do Governo do Estado, que vai abranger as zonas sul e leste, e contemplar a construção de novas moradias, obras de macrodrenagem, saneamento básico, recuperação de vias, novas áreas para prática esportiva e abastecimento regular de água.
O programa será financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e por isso segue as políticas operacionais do órgão financiador, e que em relação às mulheres possuem alguns pontos específicos.
A Subcoordenadora do Social da UGPE, Viviane Dutra, elucida que o BID tem políticas específicas voltadas às mulheres, e que preconiza primeiramente que a mulher tenha o direito ao espaço, o espaço de fala, participação e de decisão no processo de reassentamento.
A moradora da comunidade da Sharp há 15 anos, Dinameire Benício Cáceres, afirma que trabalha diariamente pela parte da tarde e da noite, e que quando sai para trabalhar suas filhas ficam sob os cuidados de uma vizinha.
“As minhas filhas estudam próximo de casa, durante a manhã eu fico com elas e faço as atividades domésticas, pela parte da tarde eu saio para o trabalho e elas ficam em casa. E minha dificuldade maior é essa, não ter uma creche ou uma instituição adequada para deixar minhas filhas enquanto eu trabalho, porque eu não tenho condições de pagar”, afirmou Dinameire.
A subcoordenadora salienta que outro ponto importante para o BID e para o programa, é o processo de fortalecimento da mulher por meio de fomento e de ações que propiciem a capacitação, a melhoria da escolaridade, o espaço para ela entrar em contato com o empreendedorismo e, a partir disso, ela possa desenvolver e otimizar sua autonomia financeira.
“É importante entender que não é o fato dela ser mulher que a torna vulnerável, a gente tem uma estrutura que escuta mais a voz masculina, então a gente precisa ter esse espaço para que a mulher possa se pronunciar”, ressalta a subcoordenadora.
Dutra ainda comenta sobre a situação das mulheres chefas de família na área de intervenção, no caso delas o trabalho realizado pelo programa é no sentido de dar o suporte para o reassentamento, pois ele normalmente afeta a malha social dessa chefa de família, rompendo-a, e essa malha social é uma malha de apoio, “porque se ela é chefa de família com filhos menores, se ela trabalha fora, ela provavelmente tem uma rede de apoio para dar assistência a esses filhos, toda essa estrutura é a partir da casa em que ela está e essa situação vai sofrer alteração com a mudança”, afirma a subcoordenadora.
Para esse processo, o programa fortalece as ações de cunho socioambiental para que não exista o risco de perda de emprego para essa mulher, e nem que seja necessário que ela deixe os filhos em uma situação vulnerável, porque essa malha de apoio vai ser modificada.
A subcoordenadora ainda pontua que nos programas anteriores, quando foi identificada situações como essa, foi garantida que parte dessa malha social continuasse próxima, com seus membros se mudando para o mesmo bloco do residencial, por exemplo. “É necessário um plano de ação socioambiental muito focado, que consiga olhar caso a caso para poder ir implementando as ações de reassentamento que alcance essas realidades”, conclui Dutra.
“A UGPE tem uma equipe social forte e atuante, que trabalha alinhada com as outras subcoordenadorias. O social mapeia as estruturas sociais das comunidades inseridas em nossas áreas de intervenção, buscando dotar o programa de todas as informações possíveis sobre a malha social dessas famílias, para que elas sejam minimamente afetadas durante seu processo de reassentamento”, afirmou Campêlo.
FOTOS: Tiago Corrêa / UGPE