Estudo apoiado pela Fapeam reaproveitou peles, ossos e vísceras de peixes amazônicos para produção de sopas, farinhas e gelatinas
Vencedor da quarta edição do prêmio internacional – Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (SDSN Amazônia), o projeto “Elaboração, Avaliação Nutricional de Sopa e Gelatina a base de Peixes Amazônicos” contou com incentivo financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), por meio Programa de Infraestrutura Para Jovens Pesquisadores – Programa Primeiro Projetos (PPP).
Iniciada há dez anos, a pesquisa superou projetos estrangeiros de diversos continentes e países como Equador, Venezuela e Itália com o estudo do reaproveitamento de peles, ossos e vísceras de peixes amazônicos para produção de sopas, farinhas e gelatinas que possuem grandes propriedades nutricionais. O projeto é coordenado pelos pesquisadores Jaime Paiva Lopes Aguiar e Francisca das Chagas do Amaral, que atuam no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
A premiação tem o objetivo de reconhecer e promover a visibilidade de produções científicas que envolvam o bioma amazônico e é realizada em parceria com o Hub de Economia Verde e Bioeconomia da Amazônia, a Fundação Amazônia Sustentável (FAS), além do Green Economy Coalition (GEC) e o Instituto Amigos da Amazônia (iAMA) como financiadores.
Francisca Chagas conta que recebeu na cerimônia on-line a notícia que o projeto havia sido o mais bem colocado, deixando para trás pesquisas científicas de status internacional.
“Para a gente foi uma honra receber um prêmio desse porte, porque ele nos faz acreditar que estamos no caminho certo. É um prêmio internacional e, como nós temos o foco com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para a região amazônica, todos projetos que a gente vem desenvolvendo têm esse foco”, comemora a doutora.
Além do reconhecimento público e do prestígio de concorrer e ganhar um prêmio desta proporção, os pesquisadores também vão receber a gratificação de R$ 15.000 pela vitória.
Resíduos de pescado – Tambaqui, jaraqui, aruanã e pirapitinga estão entre as espécies de peixes com resíduos aproveitados para produção da pesquisa.
Um dos critérios para a escolha destas espécies é o fato de serem as mais consumidas no estado e, consequentemente, as que mais geram resíduos que seriam descartados na natureza. Estas sobras de pescado foram coletadas pelos próprios pesquisadores, de forma gratuita, em uma feira da zona leste de Manaus, como informou a pesquisadora.
O pesquisador Jaime Paiva, com mais de quatro décadas de experiência no Inpa, explica os benefícios nutricionais dos produtos extraídos a partir dos resíduos do pescado.
“A gelatina do peixe deu em torno de 90% de proteína, isso na pele. E nos ossos em torno de 70% de proteína. Já a farinha de fígado obteve um alto teor de ferro”, destaca o pesquisador.
Ainda de acordo com os pesquisadores, algumas empresas já entraram em contato com eles, interessadas em patrocinar o desenvolvimento para uso comercial das farinhas, sopas e gelatinas originadas a partir dos resquícios do pescado.
Sobre o PPP – O PPP foi um programa desenvolvido pela Fapeam, em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), para apoiar a aquisição, instalação, modernização, ampliação ou recuperação da infraestrutura de pesquisa científica e tecnológica nas instituições públicas e particulares, sem fins lucrativos, de ensino superior e/ou de pesquisa sediadas ou com unidades permanentes no estado de Amazonas visando dar suporte à fixação de jovens pesquisadores e nucleação de novos grupos, em quaisquer áreas do conhecimento.
FOTOS: Érico Xavier/Fapeam