Um software que está sendo criado com o objetivo de otimizar a gestão de recursos durante a pandemia de Covid-19 começará a ser testado no Amazonas nos próximos dias. O projeto-piloto conta com alguns dos melhores desenvolvedores do Brasil e é liderado pelo Ministério da Saúde, em parceria com o Hospital Sírio-Libanês e a Fundação Itaú Unibanco, que acaba de doar R$ 1 bilhão para ações de enfrentamento ao novo coronavírus no país.

Uma equipe do Sírio-Libanês está em Manaus desde a última segunda-feira (13/04) para dar suporte à Secretaria de Saúde (Susam) na definição de estratégias para uma resposta rápida da rede estadual frente à pandemia. Entre os encaminhamentos realizados até agora estão ações de sensibilização das equipes, instalação de Gabinetes de Crise Hospitalar e o levantamento de informações que abastecerão o software que está sendo desenvolvido.

“Hoje nós estamos trabalhando com a formação de profissionais dentro dos hospitais que vão mapear leitos disponíveis, os recursos que estão sendo utilizados e os disponíveis. Então, o nosso trabalho hoje continua com a sensibilização e começa com a aplicação ou levantamento dos dados para poder montar, abastecer o software de informações dos recursos que tem, pacientes internados, quantos leitos que tem e a logística que vai ser necessária para atender a isso”, explicou o médico Michel Cadenas, especialista em Medicina de Desastre e líder da equipe do Sírio-Libanês.

Segundo ele, a expectativa é que, após a implementação no Amazonas, o projeto possa ser replicado nos demais estados. “São três pilares que a gente precisa: organização, logística e pronto atendimento, e não há como fazer a tomada de decisão ou organizar a informação se a gente não tem (dados sobre) quantos ventiladores eu tenho, quantos leitos estão disponíveis, quantos pacientes estão internados. Então, esse aplicativo vai permitir que a gente mapeie em tempo real o Brasil todo, esses recursos todos”, disse.

Principais ações – A equipe do Hospital Sírio-Libanês já vinha atuando no Amazonas há três meses na implantação do projeto Lean das Emergências, outra iniciativa do Ministério da Saúde. Em Manaus, a missão é otimizar a assistência em três prontos-socorros – HPS 28 de Agosto, HPS Platão Araújo e HPS João Lúcio. Com a pandemia de Covid-19, os esforços passaram a se concentrar na organização de respostas à crise, que tem desafiado governos ao redor do mundo pela sobrecarga que impõe aos sistemas de saúde.

“O evento coronavírus pegou boa parte do mundo desprevenida, pelo tamanho da avalanche de pacientes que viria em sequência, e não está sendo diferente no Brasil. O isolamento social permitiu algumas semanas de prazo para que a gente pudesse se organizar, e a contaminação, como era previsto, começou a se disseminar numa escala exponencial. Ela não é uma emergência intra-hospitalar, é uma emergência que extrapola os limites do hospital, impactando a sociedade no sentido amplo”, frisou o médico Michel Cadenas.

Desde que o trabalho em conjunto com o Sírio-Libanês começou, o Governo do Amazonas avançou no Plano de Resposta Estadual para a rede de saúde diante do crescente aumento de casos do novo coronavírus. Na terça-feira (14/04), foi realizada reunião de alinhamento com os gestores das unidades de urgência e emergência, da atenção básica do município e empresas médicas que prestam serviço ao Estado.

“Dentro dessa estrutura do plano de resposta, a proteção do hospital de alta complexidade é o ponto que nós julgamos fundamental. Uma vez que o paciente com Covid evolua mal, ele precisa de recursos de alta complexidade. Dessa forma, a rede precisa se reorganizar para que os pacientes mais graves tenham acesso às portas hospitalares e recebam o cuidado que é necessário para superar a infecção pelo Covid-19”, detalhou Cadenas.

De acordo com o especialista, a instalação dos Gabinetes de Crise Hospitalar também está em estágio avançado nas unidades que atuam diretamente no enfrentamento à pandemia. Entre as medidas que estão sendo tomadas está a reorganização de fluxos, com a implantação de triagem externa nos serviços de urgência e emergência. Para Cadenas, o resultado será a melhor utilização dos recursos disponíveis e a qualificação do atendimento aos pacientes.

FOTOS: Michell Mello/Secom

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