A Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado do Amazonas (Adaf) participou, nesta quarta-feira (11/05), do primeiro dia do Seminário de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos (VSPEA), coordenado pela Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Dra. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP), em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) e os municípios de Iranduba, Novo Airão e Rio Preto da Eva.
O encontro, que segue até sexta-feira (13/05), é realizado anualmente como parte integrante das ações de capacitação previstas no Plano Estadual de Municipalização da Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos (VSPEA).
Neste ano, o seminário conta com uma oficina de trabalho para viabilizar a construção de planos de Vigilância em Saúde para a capital e três municípios do interior do Estado (Iranduba, Novo Airão e Rio Preto da Eva).
O diretor-presidente da Adaf, Alexandre Araújo, compôs a mesa de abertura do evento junto com representantes das demais entidades e destacou o trabalho de educação sanitária, cadastro e fiscalização de revendas e produtos desenvolvido pela autarquia, no interior e na capital do Estado.
“As nossas equipes através do trabalho de educação sanitária, fiscalização em revendas e cadastro de produtos tornam possível mitigar os problemas e os riscos da utilização indiscriminada desses produtos. Acreditamos que a elaboração de planos municipais será um reforço do trabalho já realizado em nível estadual e que possibilitará o surgimento de novos multiplicadores”, destacou o gestor.
Responsável por fiscalizar a venda e o uso de defensivos agrícolas no Amazonas, a Adaf apresentou durante a atividade uma palestra do chefe de departamento de Defesa Agropecuária e Florestal (DDAF), Luiz Antônio da Silva, sobre as atribuições da autarquia no conjunto de ações do Grupo de Trabalho de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos (VSPEA). Por meio de sua Gerência de Agrotóxicos e Insumos Veterinários (Gaiv), a Agência de Defesa, promove de forma contínua ações de Educação Sanitária junto aos revendedores e prestadores de serviços com agrotóxicos, produtores rurais, profissionais ligados ao setor, estudantes e a sociedade em geral sobre boas práticas no uso de agrotóxicos e os efeitos do uso incorreto ou excessivo desse tipo de produto para a saúde dos consumidores.
O gerente da Gaiv, Ajax Ferreira, e o fiscal agropecuário e engenheiro florestal, Saulo Ramon, também participaram da programação do seminário como facilitadores dos grupos de trabalho da oficina realizada para a captação de propostas que integrarão os planos municipais.
“Estender para o interior do Amazonas as ações de vigilância em saúde de populações expostas a agrotóxicos, já realizadas em Manaus, tornará possível mitigar os danos à saúde desse público e operacionalizar o engajamento das instituições para o acolhimento do trabalhador rural e o fortalecimento do cumprimento da legislação sobre uso e comercialização de agrotóxicos”, destacou Ajax.
Plano Estadual – Na esfera estadual, desde 2014, um Plano Estadual de Atenção Integral à Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos fortalece e amplia as ações desenvolvidas pela Adaf, FVS-RCP, Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam), Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), Secretarias Estadual e Municipal de Saúde, e universidades públicas locais.
Composto por metas pactuadas no âmbito do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o plano contempla 29 municípios amazonenses e é balizado por critérios de risco e vulnerabilidade como: percentual de trabalhadores ocupados em atividades agropecuárias, volume de agrotóxicos utilizados, área cultivada, população consumidora e dados de notificação de intoxicação externa.
As cidades priorizadas pelo plano são: Apuí, Autazes, Barreirinha, Benjamin Constant, Boca do Acre, Borba, Carauari, Careiro da Várzea, Careiro, Coari, Codajás, Fonte Boa, Iranduba, Itacoatiara, Lábrea, Manacapuru, Manaquiri, Manaus, Manicoré, Maués, Nova Olinda do Norte, Novo Airão, Novo Aripuanã, Presidente Figueiredo, Rio Preto da Eva, São Gabriel da Cachoeira, São Paulo de Olivença, Tapauá e Tefé.
Segundo o coordenador estadual do Grupo de Trabalho de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos (VSPEA), Nailton Lopes, o adoecimento por exposição a agrotóxicos é um problema multifatorial que precisa ser abordado com um olhar multidisciplinar e interinstitucional.
“Existem os grandes produtores que adotam altas tecnologias e tornam possível que seus aplicadores fiquem razoavelmente protegidos, tanto pela quantidade aplicada, como pela própria proteção e treinamento. E existem os pequenos produtores de hortaliças, que estão mais expostos e vulneráveis, na medida que incorporam menos tecnologias e dominam menos o processo de manejo. Além disso, por uma questão territorial, este grupo conta com menos assistência técnica” explicou o coordenador.
Dados – Dados do Ministério da Saúde (MS) sugerem que para cada notificação de intoxicação por agrotóxico, 50 casos não chegam ao conhecimento das autoridades. Situação que levanta dúvidas sobre a subnotificação de dados de morbimortalidade por agrotóxicos no país.
A exposição humana a agrotóxicos é um problema de saúde pública que demanda de diversos setores o desenvolvimento de ações para o enfrentamento do problema. Para que uma população seja considerada exposta a defensivos agrícolas é necessário que exista uma rota de exposição direta ou indireta decorrente de condições ambientais, laborais, acidentais ou intencionais.
Trabalhadores dos setores agropecuários, de silvicultura, manejo florestal e empresas desinsetizadoras, além de profissionais envolvidos no controle de endemias e de zoonoses integram a população considerada exposta ou potencialmente exposta a este tipo de produto. Problemas neurológicos, imunológicos, dermatológicos, hepáticos, entre outros estão os que podem surgir como efeitos da exposição de longo prazo a agrotóxicos utilizados na agricultura brasileira.
FOTO: Divulgação/Adaf