Projeto é apoiado pela Fapeam, por meio do Programa Coleções Biológicas/Museus
Com a guarda de peças importantes para o desenvolvimento de pesquisas científicas, o acervo de microrganismos do Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA) passa por um processo de revitalização e modernização. A iniciativa é apoiada pelo Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), beneficiada pelo Programa de Apoio a Organização, Restauração, Preservação e Divulgação das Coleções Biológicas e de Museus do Estado do Amazonas, Edital nº 008/2019.
O Programa Coleções Biológicas/Museus é uma ação da Fapeam voltada para apoiar com recursos financeiros e bolsas, projetos que visem dar suporte à organização, informatização, gestão e divulgação de coleções biológicas institucionais e de museus já existentes e consideradas estratégicas para o Estado do Amazonas em instituições públicas ou privadas.
A coleção comporta mais de 2,5 mil espécies, dentre fungos, bactérias e actinomicetos, armazenadas no Laboratório de Microbiologia do CBA. A maior parte do acervo são endofíticos, isolados a partir de plantas amazônicas como o guaraná, cupuaçu, dendê, seringueira, tucumã, pau-rosa, copaíba, andiroba. Além dos fungos endofíticos, há ainda os isolados de solo como fungos filamentosos e actinomicetos do gênero Streptomyces, de reconhecida importância industrial devido ao seu amplo potencial biotecnológico, principalmente na produção de antibióticos.
Segundo a coordenadora do projeto, a doutora em Biotecnologia, Ingrid Reis, o trabalho busca o desenvolvimento e implantação de um sistema de armazenamento eletrônico. A plataforma irá integrar as informações sobre a procedência das espécies abrigadas na coleção, disponibilizando dados acerca das características morfológicas, além das potencialidades biotecnológicas.
“A partir desse sistema será criado também um catálogo ilustrado com fotografias, associando as principais características morfológicas e biotecnológicas das linhagens da coleção. A expectativa é tornar esse catálogo disponível ao público interessado na utilização desses microrganismos seja para o setor industrial, ou para novas pesquisas em benefício da sociedade”, explica.
Ingrid destaca que as coleções microbiológicas têm como principal função a aquisição, preservação, identificação, catalogação e distribuição de microrganismos autenticados para dar suporte à pesquisa científica, estudos epidemiológicos, bem como ao desenvolvimento e produção de produtos e processos tecnológicos.
“A preservação e conservação deste patrimônio genético permite a continuidade dos estudos dessa rica microbiota e a descoberta de novas biomoléculas de interesse biotecnológico. Vários trabalhos já foram realizados com os microrganismos da Coleção Microbiológica do CBA, por meio dos quais foi constatado que esses microrganismos produzem vários compostos de interesse, como antibióticos, antitumorais, enzimas de interesse industrial (lipases, amilases, celulases), biossurfactantes, corantes naturais, além de inibir in vitro alguns fungos fitopatogênicos que causam diversas patologias no guaraná e cupuaçu, culturas de grande importância para a região”, disse.
Na área ambiental, os microrganismos também podem ser utilizados no tratamento de efluentes, assim como na biorremediação de substâncias tóxicas como petróleo e seus derivados.
Com a implantação do sistema no CBA, a pesquisadora enfatiza que o Centro se torna referência e provedor de informações e serviços especializados a respeito dessa microbiota altamente especializada, com maior confiabilidade na distribuição de acessos autenticados e maior rastreabilidade dos serviços prestados.
“A obtenção de uma coleção de microrganismos oriundos da Amazônia, sem dúvida é uma grande potencialidade biotecnológica, que além de contribuir para o desenvolvimento científico da região pode gerar tecnologias nas diversas áreas como saúde, agricultura e meio ambiente”, enfatiza.
Início do Acervo – O isolamento dos microrganismos da coleção microbiológica iniciou no ano de 2005. Atualmente, a equipe é formada por seis profissionais, entre doutores, mestres, especialistas e estudantes de graduação. O projeto é realizado em parceria com a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e Universidade Federal do Acre (Ufac) para o intercâmbio de amostras altamente caracterizadas.
“O apoio da Fapeam tem sido primordial para a manutenção desse patrimônio genético, e para a continuidade das pesquisas em andamento e o desenvolvimento de produtos e processos que beneficiem a sociedade em geral”, disse a pesquisadora a respeito do apoio da Fundação.
Sobre o CBA – O CBA tem por objetivo criar alternativas econômicas mediante a inovação tecnológica para o melhor aproveitamento econômico e social da biodiversidade amazônica de forma sustentável.
FOTOS: Érico Xavier/Fapeam