Manaus Enfrenta Desafios na Preservação dos Recursos Hídricos e no Combate ao Desperdício.

Obras de Esgotamento Sanitário Avançam, mas Conscientização é Fundamental.

No mês em que é celebrado o Dia da Amazônia (05/09), região que abriga a maior bacia hidrográfica do mundo, dados alarmantes sobre o desperdício de água na capital do Amazonas, Manaus, ganham destaque. De acordo com pesquisa do Instituto Trata Brasil, mais da metade da água tratada é desperdiçada diariamente na cidade, colocando o Amazonas na sexta posição do ranking nacional de desperdício. Os dados indicam que somente em 2022, Manaus desperdiçou mais de 53% dos cerca de 700 milhões de litros de água retirados do Rio Negro e tratados pela concessionária responsável, a Águas de Manaus. A falta de consciência sobre a escassez de água na região é um dos principais fatores que contribuem para o desperdício, segundo especialistas.

Para a socioambientalista Muriel Saragossi, faltam programas sociais que incentivem o uso consciente desse recurso. “Nós temos uma mentalidade de que a água é abundante na Amazônia. Então as pessoas não têm o costume de pensar que vai faltar. Precisa de três semanas sem chuva e com sensação térmica de 43ºC para as pessoas lembrarem da questão da [preservação da] água”, alerta Saragossi.

Os cuidados com o uso da água fazem parte da rotina da dona de casa Patrícia de Mello, 42, moradora do bairro Parque das Laranjeiras, zona centro-sul de Manaus. “Aqui em casa a regra é evitar ao máximo o desperdício. Sempre aparamos a água da chuva para limpar o pátio. Reservamos também a água da máquina de lavar roupa para usar na descarga do banheiro. Além disso, eu sempre verifico as torneiras pra não deixar nada pingando”, conta.

Saneamento

Além do desperdício, a preservação dos recursos hídricos é outro desafio para Manaus. Os igarapés ainda recebem parte do esgoto da cidade e a população precisa participar dessa mudança, segundo o ativista ambiental Sidney Fernandes.

“É muito importante, de maneira estratégica, chegar junto da sociedade que está mais próxima desses corpos d’água, ao longo dos igarapés da cidade, do Rio Negro, ali na região do Tarumã principalmente, que, além das casas, é uma região repleta de flutuantes”, enfatiza o ativista.

A concessionária Águas de Manaus afirma que está empenhada em encontrar soluções para melhorar o sistema de esgotamento sanitário da cidade. Segundo a empresa, as obras do sistema avançaram, aumentando a cobertura de 19% para 30% na capital amazonense. Além disso, o gerente de responsabilidade social da concessionária reafirma a necessidade do incentivo a projetos de educação ambiental.

“A obra por si só não resolve, se a gente não tiver a adesão da população, usando adequadamente. Por isso, a educação ambiental é de suma importância. A criança atua inclusive na mudança de comportamento dos pais. Isso é importante pra gente sonhar com nossos igarapés limpos”, afirma Ferraz.

Para o diretor-presidente da concessionária, Diego Dal Magro, o esgoto é fundamental para resgatar os igarapés da cidade, preservar as áreas verdes urbanas e oferecer saúde para os manauaras. “O esgoto tem papel fundamental para resgatarmos os igarapés que cortam a cidade, para preservarmos as áreas verdes urbanas e oferecermos saúde para os manauaras”, destaca Dal Magro. “Temos um objetivo: universalizar o serviço de esgotamento sanitário. Para isto, estudamos cada bairro da cidade e vamos nos adaptando para garantir melhoria na qualidade de vida das pessoas e do meio ambiente”, afirma o diretor-presidente.

Em Manaus, uma das obras do sistema de esgoto é a adaptação das estruturas em áreas de palafitas, um projeto pioneiro no Brasil que já beneficiou mais de 900 moradores na comunidade do Beco Nonato, localizada no bairro da Cachoeirinha, Zona Sul. Atualmente, o serviço está sendo expandido para outras áreas com características semelhantes.

Texto: Ibrahim Ossame

Foto: Pexels/Águas de Manaus

 

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