Jovem receptor faz tratamento no Hemoam e é transplantado há cinco anos

Entre as sessões de quimioterapia e o transplante de medula óssea realizado há cinco anos, o jovem Arian Escobar, de 17 anos, percorreu um longo caminho. Diagnosticado com Leucemia Linfoide Aguda (LLA), o jovem foi um dos 17.210 transplantados no Brasil entre os anos de 2015 a 2020 e que celebram o Dia Mundial do Doador de Medula Óssea neste sábado (16/09).

Arian é natural de Tabatinga (distante 1.108 de Manaus) e faz tratamento na Fundação Hospitalar de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (Hemoam). A 4,020 km de Manaus, na cidade de Curitiba, o gesto de solidariedade do paranaense Rafael Sentone, de 34 anos, salvou a vida de Arian em 2018. Dois anos após o transplante, doador e receptor concordaram em se conhecer e desde lá a relação passou a ser famíliar.

Rafael é policial militar e doa sangue desde os 18 anos, incentivado pelos pais. Hoje, toda a família dele é doadora de sangue e de medula. Doação e transplante foram feitos sete anos após o cadastro no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome).

“Como policial, já atendi inúmeras ocorrências em que eu salvei pessoas, mas só quando eu doei medula e soube da história do Arian, que eu realmente me senti salvador da vida de alguém e pensei: ‘Não, agora salvei a vida de alguém’, então isso ressignificou bastante minha vida e hoje ele e a Márcia significam muito pra mim”, disse Rafael.

Márcia Teixeira, mãe de Arian, também conta sobre o orgulho do vínculo entre Arian e Rafael após o transplante. “Nos falamos quase todos os dias quando a rotina deixa. O Rafael sempre manda mensagem perguntando como o Arian está, como foi o dia, é sempre muito preocupado em participar da vida dele”, conta a mãe.

Hoje, além do vínculo entre as famílias, a doação de medula se transformou em uma luta por mais conscientização das pessoas para a doação voluntária. “Hoje qualquer oportunidade que eu tenho de falar, explicar, incentivar a doação, eu faço. Porque existem muitos mitos que precisam ser desmistificados. Precisamos de mais doadores voluntários”, enfatizou Rafael.

O tratamento de Arian não encerrou com o transplante. Agora, os cuidados dele seguem divididos entre o acompanhamento quinzenal no Hemoam e visitas periódicas ao Hospital Amaral Carvalho em Jaú, São Paulo.

De acordo com a chefe do Departamento do Ciclo do Sangue do Hemoam, Maria José Coelho, o estado trabalha para aumentar o número de cadastro de doadores voluntários de medula. “Em 2022, o Hemoam atingiu a meta anual de cadastro de doadores voluntários de medula óssea. Com isso o Amazonas passou a ser o quarto lugar no ranking de cadastros da região Norte e estamos trabalhando para superar essa meta esse ano”, disse.

Cadastro de doadores

Para se tornar um doador voluntário de medula óssea, é preciso realizar um cadastro no Redome e coletar uma amostra de sangue (10 ml) para exame de tipagem HLA.

Com 33.099 pessoas cadastradas, o Amazonas ocupa o quarto lugar no ranking de cadastros da região Norte. Atualmente o Hemoam possui 600 pessoas cadastradas no Redome e está em processo de atualização do fluxo para coletas de amostras, conforme preconizado pelo Ministério da Saúde.

Transplante

O transplante de medula óssea é o tratamento utilizado para algumas doenças que afetam as células do sangue. Consiste na substituição da medula óssea doente ou deficitária do paciente por células saudáveis doadas, que vão repovoar a medula do receptor.

No Brasil, o transplante de medula óssea é feito em hospitais públicos e privados autorizados pelo Ministério da Saúde. O possível doador passa por testes de compatibilidade a partir de amostras de sangue dele e do receptor. Comprovada a compatibilidade, é submetido a um procedimento feito em centro cirúrgico, sob anestesia.

Fotos: Rafael Marques/HEMOAM

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