As onças-pintadas podem ser encontradas nas Américas, desde o norte do México ao sul da Argentina, sendo presente em maior número no Brasil. (Foto: Lucas Morgado / National Geographic Brasil)

Neste sábado, 29 de novembro, o Brasil celebra o Dia Nacional da Onça-pintada, data instituída oficialmente em 2018 pelo Ministério do Meio Ambiente para destacar a importância ecológica, cultural e econômica do maior felino das Américas. A portaria também declarou a onça como Símbolo Brasileiro da Conservação da Biodiversidade, reforçando seu papel essencial no equilíbrio dos ecossistemas.

Encontrada em todos os biomas do país — Amazônia, Pantanal, Cerrado, Mata Atlântica e Caatinga — a onça-pintada (Panthera onca) ocupa o topo da cadeia alimentar e atua na regulação das populações de outras espécies, ajudando a manter ambientes saudáveis e funcionais. Segundo o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap), estima-se que cerca de metade da população global desse felino vive no Brasil. Ainda assim, a espécie segue vulnerável, especialmente em regiões onde o desmatamento e a caça ilegal avançam.

Amazônia: o território onde a onça revela seus maiores segredos

Entre as diversas regiões brasileiras onde a onça-pintada ocorre, a Amazônia reúne algumas das características mais impressionantes para sua sobrevivência — e também alguns dos comportamentos mais fascinantes já registrados.

Altamente adaptável, a espécie se ajusta a diferentes ambientes, como explica a Onçafari. Pode viver em florestas densas, campos abertos e até áreas áridas, embora tenha preferência por zonas úmidas, com abundância de rios, igarapés e áreas alagáveis.

Na Amazônia, essa relação com a água chega ao extremo. Durante as cheias do Rio Amazonas, quando vastas porções da floresta ficam submersas — em alguns pontos, sob até 10 metros de água — pesquisadores observaram um comportamento extraordinário:
as onças passam até quatro meses vivendo nas copas das árvores.

Ali, deslocam-se entre os galhos para caçar, descansar e se proteger do avanço das águas. Esse comportamento, raro entre grandes felinos, coloca a onça amazônica como um dos exemplos mais marcantes da capacidade de adaptação da fauna da região.

Conservação em território nacional

Para proteger a espécie, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) conduz ações em diferentes frentes. Destacam-se a criação de unidades de conservação — como o Parque Nacional do Boqueirão da Onça e a APA Boqueirão da Onça, na Caatinga — e programas de pesquisa, educação ambiental, fiscalização e cooperação internacional, como o Jaguar RoadMap 2030, que envolve estratégias conjuntas entre países para combater o tráfico de partes de animais e fortalecer corredores ecológicos.

Na Mata Atlântica, estudos no Parque Nacional do Iguaçu já resultaram na triplicação da população estimada de onças-pintadas na área, além da consolidação do Corredor Verde, que conecta ambientes no Brasil, Argentina e Rio Grande do Sul.

 

Animal em sofrimento tinha mais de 30 projéteis pelo corpo e nadou por mais de oito horas. (Foto: PMAM)

Um símbolo que atravessa culturas

Desde os tempos pré-colombianos, a onça-pintada é representada como símbolo de poder, coragem e espiritualidade por diferentes povos originários das Américas. Hoje, continua sendo um ícone da nossa identidade ambiental — especialmente na Amazônia, onde sua presença marca a força e a complexidade da maior floresta tropical do planeta.

 

Neste Dia Nacional da Onça-pintada, é preciso lembrar que para proteger esse felino é preciso proteger todos os ecossistemas dos quais ele depende e que, direta ou indiretamente, sustentam a vida na Amazônia e no Brasil.

*Com informações da National Geographic Brasil

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