Organismos têm potencial para produção de biossurfactantes, que têm bastante demanda nas indústrias farmacêutica, cosmética, petroquímica e alimentícia
Isolados do interior dos tecidos vegetais de duas espécies de plantas nativas da região amazônica, conhecidas popularmente como pimenta-de-macaco e vassourinha, fungos denominados endofíticos apresentaram enorme potencial para produção de biossurfactantes. Trata-se de compostos químicos com diversas aplicações a serem utilizados nas indústrias de produtos de limpeza, higiene, petrolífera, alimentícia, cosmética, farmacêutica, entre outras.
Com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), pesquisadores produziram biossurfactantes utilizando como matéria-prima óleos residuais de fritura e lubrificante. O biossurfactante produzido pelos fungos apresenta ótimo potencial para ser utilizado na biorremediação, processo natural de descontaminação utilizando microrganismos, ou seja, como um detergente biodegradável que pode ser empregado, por exemplo, na recuperação de áreas ambientais atingidas por derramamento de petróleo.
O projeto “Estudo da produção de biossurfactantes por fungos endofíticos utilizando resíduos como substrato” foi desenvolvido no Laboratório de Química Aplicada à Tecnologia da Escola Superior de Tecnologia da Universidade do Estado do Amazonas (EST/UEA), no âmbito do curso de Doutorado em Biodiversidade e Biotecnologia da Rede Bionorte. O estudo teve orientação da professora doutora Patrícia Melchionna Albuquerque, e foi amparado pelo Programa de Apoio à Formação de Recursos Humanos Pós-Graduados para o Interior do Estado do Amazonas (RH-Interiorização-Fluxo Contínuo), por meio do Edital nº 003/2015 da Fapeam.
Biossurfactantes – O coordenador da pesquisa, Dr. Messe Elmer Torres da Silva, explica que os biossurfactantes apresentam ampla variedade de aplicações e são largamente utilizados na indústria, principalmente em produtos de limpeza, como detergentes pela capacidade emulsionante, ou seja, de interagir com diferentes líquidos, como as misturas de água e óleo.
Os biossurfactantes realizam um processo de biodegradação, em que os microrganismos atuam para decompor resíduos tóxicos que foram lançados acidentalmente no solo como, por exemplo, em casos de vazamento de petróleo, rejeitos de metais pesados, entre outros.
Importância – A produção de biossurfactantes fúngicos, isolados de plantas da região amazônica, ainda é um tema pouco explorado, o que torna o trabalho uns dos pioneiros na área biotecnológica.
O reaproveitamento de resíduos, óleos de fritura e lubrificante, como fonte de carbono para produção de biossurfactantes deve contribuir para o desenvolvimento de bioprocessos, obtendo-se a redução de custos para a aquisição desse bioproduto utilizado em larga aplicabilidade industrial.
Os surfactantes sintéticos convencionais disponíveis comercialmente, por serem sintetizados a partir de derivados de petróleo, são usualmente tóxicos ao meio ambiente e não biodegradáveis, o que tem levado à procura por surfactantes naturais como alternativa aos produtos existentes.
RH-Interiorização – O Programa RH-Interiorização foi substituído pelo Programa de Apoio à Formação de Recursos Humanos para o Interior do Estado do Amazonas (Proint). O objetivo é conceder bolsa de mestrado e doutorado a profissionais graduados residentes no interior do estado do Amazonas há no mínimo 4 (quatro) anos ou que mantenham relação de trabalho ou emprego com instituição municipal, estadual ou federal sediada ou com unidade permanente no interior do estado, interessados em realizar curso de pós-graduação stricto sensu, em programa credenciado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), em instituições do Amazonas localizadas em município diferente de onde reside o candidato.
FOTO: Érico Xavier/Fapeam