Nova estrutura oferta disciplinas que abrangem áreas de conhecimento específicas aos estudantes da rede estadual
Aprovado pelo Congresso Nacional em 2017, o Novo Ensino Médio começa a ser implementado em todas as escolas públicas e privadas do país no ano letivo de 2022. Para isso, o Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Educação e Desporto, apresentou, nesta terça-feira (04/01), as principais mudanças que devem ocorrer durante o ano letivo, e ainda as propostas curriculares e pedagógicas que nortearão as atividades escolares em 2022, na rede pública estadual.
Uma das principais alterações da Lei nº 13.415/2017, que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), foi na estrutura do Ensino Médio, ampliando o tempo mínimo do estudante na escola de 800 horas para mil horas anuais, até o fim de 2022.
De acordo com a diretora do Departamento de Política e Programas Educacionais (Deppe), Adriana Antonaccio, o ponto principal do Novo Ensino Médio é o protagonismo juvenil.
“Anteriormente, nós tínhamos um modelo de aprendizagem em que a gente determinava muito aquilo que o estudante ia aprender em seus conhecimentos. Hoje, a gente vai permitir que o estudante seja mais reflexivo, o professor vai instigar o estudante em espaços formais e não formais, o que é muito inteligente, porque o aluno não vai estar dentro de sala de aula, no quadro branco, com o professor. O professor deve pensar em outros espaços de aprendizagem para que o estudante possa ser esse indivíduo crítico e possa olhar o todo”, afirmou a diretora do Deppe.
Além disso, foi definida uma nova organização curricular, mais flexível, que contemple a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e oferte diferentes possibilidades de escolhas aos estudantes, como os itinerários formativos, que abrangem áreas de conhecimento específicas e a formação técnica e profissional.
“Em relação ao Novo Ensino Médio, a gente pensa que o estudante precisava dessa voz, e o Amazonas vai dar essa voz ao estudante, a partir de agora. Ele não vai só refletir, mas vai poder opinar. A gente vai integrar a comunidade escolar, o gestor, professor e pedagogo, todas as figuras da escola, para estarem preparadas também para esse novo estudante, que vai trazer demandas, situações e ideias para essas equipes escolares”, acrescentou Adriana.
Expectativa – Gestor da Escola Estadual Professor Júlio César de Moraes Passos, na zona norte de Manaus, Jonemar Sarmento acredita que essas mudanças trarão oportunidades para que o estudante escolha o caminho que quer seguir no Ensino Médio.
“O mundo já mudou há bastante tempo. Novas tecnologias, novos empregos surgiram, e o Ensino Médio já vem, há muito tempo, engessado. Isso não dava tantas oportunidades para que os jovens realmente estivessem preparados para o mercado de trabalho e para o mundo novo que eles vão ter que enfrentar. A minha expectativa é de que essas mudanças possam trazer muitas coisas boas para os jovens se prepararem melhor”, pontuou o gestor.
A gestora da Escola Estadual Benedito Almeida, Lucicleide Avelino, lembra que a unidade da zona sul foi uma das escolhidas como escola-piloto para o Novo Ensino Médio, em 2020.
“O que a escola pôde fazer, dentro do seu alcance e dentro do período de pandemia, foi realizado com os professores. Teve toda uma reunião pedagógica que contou com o apoio dos professores e comunidade escolar. A partir daí, foi feito um trabalho junto com os pais e com os alunos. Neste ano, a expectativa é grande para que dê tudo certo. As expectativas são as melhores possíveis. Nesse período, já estava sendo trabalhada a questão de escutar o estudante, de fazer com que ele seja parte importante dessa nova fase. Então, não vai ser muito difícil para ele, que já tem a voz ativa”, finalizou a gestora.
Estrutura – Para o Novo Ensino Médio, é prevista a divisão em duas partes: a Formação Geral Básica (FGB) e os Itinerários Formativos. Na FGB, o currículo é comum a todos os estudantes. A formação é dividida em quatro áreas de conhecimento: Matemáticas e suas Tecnologias, Linguagens e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.
Já os Itinerários Formativos tratam do conjunto de disciplinas, projetos, oficinas e núcleos de estudo, entre outras situações de trabalho que os estudantes poderão escolher durante o Ensino Médio. As redes de ensino terão autonomia para definir quais os Itinerários Formativos vão ofertar, considerando um processo que envolva a participação de toda a comunidade escolar.
Mudanças – As novas regras vão começar de forma progressiva. A 1ª série do Ensino Médio vai passar por alterações em 2022. Em 2023, será a vez da 2ª série, e a inclusão da 3ª série ocorrerá em 2024.
Haverá também aumento do tempo de aulas nas escolas. A jornada de quatro horas diárias passará para, no mínimo, cinco horas, aumentando a carga horária anual de 800 horas para mil horas anuais. A distribuição de horas será definida pela Secretaria de Educação. A meta é cumprir 3 mil horas totais nos três anos de ensino, com 200 dias de aulas a cada ano.
EETIs e escolas bilíngues – Para as escolas de tempo integral e escolas bilíngues, será necessário cumprir 4,2 mil horas. Dentro dos Itinerários Formativos, serão apresentadas as Unidades Curriculares Eletivas Orientadas (UCEO), que possibilitam aos estudantes aprofundarem seus estudos nas áreas de conhecimento com as quais se identificam, de acordo com a vivência e as especificidades de cada ambiente escolar.
FOTOS: Herick Pereira/Secom