Presente já na América do Sul, a praga cientificamente chamada Moniliophthora roreri foi responsável por prejudicar as produções nos países do: Equador, Colômbia, Venezuela, Bolívia e Peru.

O novo foco da praga causadora da doença conhecida como Monilíase do Cacaueiro, foi detectada no Brasil em Julho de 2021 em Cruzeiro do Sul-AC. Atualmente, o município encontra-se em situação permanente de ações de combate ao mal. Desde então, a Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Amazonas – ADAF, vem alertando aos produtores de Cacau e do Cupuaçu por todo o estado sobre os riscos e as consequências que a doença pode causar.

O Amazonas estava em alerta para o surgimento dos focos e atuação preventiva na tentativa de frear a praga. Em agosto de 2022, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, MAPA, prorrogou por um ano, o prazo de vigência da emergência fitossanitária relativa ao risco iminente de introdução da praga quarentenária ausente Moniliophthora roreri nos Estados do Acre, Amazonas e Rondônia.

Em novembro de 2022, na tríplice fronteira do Amazonas, o município de Tabatinga, distante 1.100KM de Manaus, detectou em comunidades ribeirinhas a presença da anomalia apresentada nas frutas do Cupuaçu. Anterior a isso, a doença havia sido notada em Caballococha, cidade peruana próxima de Tabatinga.

Municípios produtores das frutas do Cacau e do Cupuaçu acendem os olhares em alerta para o risco de contaminação da doença. Urucurituba, é um dos maiores produtores de cacau do Amazonas, responsáveis por cerca de 25% da produção de Cacau no Estado. Presidente Figueiredo é conhecido como a terra do Cupuaçu, além de outros municípios como; Autazes, Itacoatiara, e Manacapuru e precisam se atentar para evitar a contaminação.

Em Urucurituba, município distante 218KM da capital, na ultima Festa do Cacau realizada em Julho do ano passado, cerca de 100 produtores foram orientados pela ADAF sobre os cuidados com a nova ameaça a produção que gera renda para mais de 500 famílias do município.

“Esse fungo é bastante específico e ataca exclusivamente os frutos de todos os gêneros do Theobroma e ela tem uma capacidade de multiplicação alta, algo em torno de 7 bilhões de esporos por fruto que ele chega a se desprender dos frutos como se fosse um vidro de talco” Disse o Auditor Fiscal Agroécuário do MAPA, Rodrigo Leite.

 

O Auditor Fiscal nos cedeu algumas imagens como o vídeo acima para exemplificar e ajudar ao produtor amazonense a identificar uma possível contaminação em sua propriedade.

Como Identificar a doença no Cacau

Esses são os sintomas iniciais da monilíase no cacau. Deformações, ou “calombos”, começam a surgir nos frutos.

Imagens cedidas pelo Ministério da Agricultura

Após isso, começam a surgir pequenas “ilhas verdes” por todo o fruto. O fruto começa a ficar amarelo, porém as pequenas manchas verdes se apresentam no fruto.

Imagens cedidas pelo Ministério da Agricultura.

Posteriormente são verificadas as “manchas chocolate”, que são manchas de bordas e formas irregulares, que podem chegar a cobrir o fruto inteiro.

Imagens cedidas pelo Ministério da Agricultura

Por fim, surge à esporulação do fungo na superfície do fruto, podendo cobri-lo por completo.

Imagens cedidas pelo Ministério da Agricultura

Doença no Cupuaçu

“Já no caso do Cupuaçu não conseguimos associar, até o momento, qualquer alteração morfológica do fruto associada a doença.” Frizou Rodrigo Leite.

Porém, no fruto, é possível notar o processo de esporulação que pode cobrir todo o fruto.

Imagens cedidas pelo Ministério da Agricultura

 

O que fazer para evitar a contaminação?

Segundo Rodrigo Leite do Ministério da Agricultura, a doença por se tratar de um fungo que no seu estágio mais avançado, cria um pó semelhante ao talco que fácilmente se desprende e pode ser levado pelo vento, porém, outros meios de transporte desse mal pode ser realizado. O meio mais comum é o transporte de frutos contaminados de outras localidades. “A gente acredita, que esse fungo, muito provavelmente veio trazido por algum fruto contaminado. A gente não observa sintomas externos. Somente na hora que quebra o fruto é que vai ver que ele já está podre. Se a gente joga aquele fruto próximo de uma árvore que está carregada, pode acabar infectando aquela planta” Afirmou Rodrigo Leite.

A recomendação é que o viajante evite trazer frutas de outros países e estados do Brasil por conta do alto risco de contaminações por doenças.

O que fazer ao detectar a doença na sua propriedade?

“Avise imediatamente ao escritório do IDAM ou da ADAF de seu município para que possa ser disponibilizado uma equipe para verificar se de fato se trata dessa praga e à partir daí que tomemos as medidas cabíveis” Disse Rodrigo Leite.

Inicialmente, acreditava-se que a devastação das mudas afetadas que poderiam alcançar pomares inteiros seria a solução mais viável, o que prejudicaria produtores de todo o estado pelo sacrifício realizado na plantação e o recomeço que levaria anos e não haveria certeza da erradicação da praga. Para o Auditor Fiscal Agropecuário do MAPA, a doença ataca exclusivamente o fruto, portanto, a poda drástica e a eliminação do fruto é a maneira mais eficaz de amenizar o problema.

 

Por:. Wesley Lira do Agro Amazonas

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