A pesquisa pode contribuir com o acompanhamento da resposta terapêutica, e como instrumento de análise de prognóstico e de fatores decisórios para a conduta terapêutica
Um estudo desenvolvido com pacientes da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), diagnosticadas com câncer de colo do útero, analisou o uso do DNA circulante do Papilomavírus humano (cDNA HPV) para identificar a recidiva/persistência do câncer. A pesquisa analisou a presença dos vírus 16 e 18, os quais são considerados altamente oncogênicos, em um grupo de 16 mulheres.
Denominado “Presença do DNA plasmático dos Papilomavírus humano 16 e 18 como marcador de recidiva/persistência do câncer de colo do útero”, o trabalho de doutorado foi realizado no período de 2020 a abril de 2023, pela pesquisadora Márcia Poinho, e a defesa foi em abril deste ano. O projeto foi realizado no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Imunologia Básica e Aplicada, da Universidade Federal do Amazonas PPGIBA/Ufam), sob a orientação da diretora de Ensino e Pesquisa da FCecon, Kátia Luz Torres.
Conforme a diretora, as mulheres foram acompanhadas antes do tratamento e por um período de seis, nove e dezoito meses depois do tratamento na FCecon. Kátia Torres explica que era coletado sangue das pacientes para verificar a presença do cDNA do HPV.
Biomarcador
“A mulher com câncer de colo do útero tem uma lesão invasiva, sendo tratada com a terapia indicada pela equipe médica – quimioterapia, radioterapia ou cirurgia –, de forma conjugada ou não. Após o tratamento, analisamos a permanência do cDNA do HPV no sangue das pacientes, uma vez que ele pode prever com antecedência a possibilidade de recidiva/persistência e, assim, ser utilizado como biomarcador”, explica Kátia Torres.
A diretora de Ensino e Pesquisa da FCecon explica que a pesquisa foi importante para demonstrar a possibilidade de se utilizar o cDNA do HPV como biomarcador para o câncer de colo do útero. Durante o acompanhamento, de acordo com a pesquisadora, detectou-se tanto as mulheres com a ausência do cDNA do HPV, quanto quem apresentou o quadro clínico para a doença, mesmo após o tratamento. Por isso, merece um tempo de seguimento maior.
Resposta terapêutica
As análises, pontua a pesquisadora Márcia Poinho, demonstraram que durante o seguimento das 16 pacientes, 11 (68,75%) foram positivas para cDNA HPV no momento do diagnóstico e quatro (25,0%) foram positivas em pelo menos uma amostra após o tratamento, o que indica que o exame pode ser utilizado como biomarcador para o diagnóstico precoce da doença e progressão tumoral.
De acordo com Márcia Poinho, “a pesquisa pode contribuir com o acompanhamento da resposta terapêutica, e como instrumento de análise de prognóstico e de fatores decisórios para a conduta terapêutica”, frisa.
Financiamento
A pesquisa recebeu financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), por meio do Programa de Pesquisa para o Sistema Único de Saúde (PPSUS), Programa de Apoio à Iniciação Científica (Paic) e Programa de Apoio à Consolidação das Instituições Estaduais de Ensino e/ou Pesquisa (Pró-Estado).
FOTOS: Divulgação/FCecon