No mesmo período, as equipes multiprofissionais realizaram 29,4 mil atendimentos
Há um mês a história de Letícia de Souza, de 14 anos, ganhou um capítulo feliz e que era aguardado há muito tempo. Após 12 anos de internação no Hospital e Pronto Socorro da Criança da Zona Oeste, na capital amazonense, a jovem recebeu alta e passará o Natal em casa junto com a família. Letícia é portadora de Atrofia Muscular Espinhal (AME), doença degenerativa que afeta a locomoção e funções vitais do corpo, como respirar e comer. Graças ao Programa Melhor em Casa, da Secretaria de Estado da Saúde (Susam), ela tem feito tratamento domiciliar, com todos os equipamentos e assistência garantidos pelo Governo do Amazonas.
Atualmente, 520 pacientes estão ativos no programa. De janeiro a outubro deste ano, o Melhor em Casa possibilitou a desospitalização de 379 pacientes. No mesmo período, as equipes multiprofissionais realizaram 29,4 mil atendimentos.
Segundo a secretária executiva de Atenção Especializada da Capital (SEA-Capital), Dayana Mejia, a desospitalização de Letícia era cogitada há pelo menos um ano e meio pela equipe do hospital. “Esse processo é uma das estratégias de maior complexidade dentro do SUS, mas devolve a dignidade à pessoa. Apesar das tentativas de humanização, o ambiente hospitalar é frio, então devolver o paciente ao ambiente familiar é o ápice para qualquer equipe. Ficamos muito emocionados e felizes em proporcionar isso à Letícia”, comentou.
A secretária executiva explica que a jovem, desde que foi inserida no Programa Melhor em Casa, está sendo acompanhada por uma equipe multiprofissional, que inclui médico, enfermeira, nutricionista, fisioterapeuta, entre outros. As visitas são semanais e Letícia recebe em casa os mesmos cuidados oferecidos no hospital.
O processo de transferência também envolveu acompanhamento intensivo da equipe de saúde. “Ela passou por um protocolo de treinamento respiratório para o desmame do ventilador mecânico e da dependência ventilatória. Ela ainda tem a necessidade do ventilador mecânico, mas agora não é mais um equipamento hospitalar, e sim um que pode ser usado dentro do domicílio”, completou Dayana. A Susam também disponibiliza o respirador e a manutenção é feita pela própria equipe que faz as visitas.
Para a mãe de Letícia, Irlene de Souza, a volta da filha para o lar foi um momento de muita alegria, depois de anos difíceis em que havia dúvidas sobre a possibilidade da saída da UTI. “Esperamos por isso há 12 anos, desde que falaram que a Letícia nunca ia conseguir sair do hospital, só se ela tivesse um homecare. Fiquei triste durante um tempo porque em Manais não tinha essa assistência. Vivemos todos esses anos ‘internados’ junto com ela”, relembra.
Irlene contou que, mesmo vivendo no hospital, Letícia sempre foi muito sociável. “Ela gosta de passear e receber visitas, e estando em casa ela vai conseguir ter uma vida social de fato”, comemorou a mãe, que se formou como técnica em Enfermagem e fez capacitações para dar melhor assistência à filha.
Sobre o Melhor em Casa – Executado pela Susam, o programa reúne um conjunto de ações de promoção à saúde, prevenção e tratamento de doenças e de reabilitação, realizadas em domicílio por equipes multiprofissionais.
Uma das finalidades do Melhor em Casa é reduzir o tempo de internação hospitalar de pacientes que estejam com o quadro estabilizado, sem agravamento, mas ainda necessitando de cuidados sistemáticos, como curativos, trocas de sonda, medicação, fisioterapia respiratória, entre outros procedimentos terapêuticos ou profiláticos, que podem ser realizados em casa.
FOTOS: Roberto Carlos / Secom