Oriundo de pesquisadores da UEA, iniciativa tem como alvo agentes educacionais de escolas públicas amazonenses
O projeto “Afroliteraridades na Escola”, desenvolvido por pesquisadores da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), chegou às unidades de ensino da rede estadual com o objetivo de promover a consciência racial, social e a valorização da identidade negra nas escolas públicas amazonenses. A primeira escola a receber o projeto foi a Escola Estadual (EE) Altair Severiano Nunes e a próxima será a EE Prof. José Bernardino Lindoso.
Com palestras de formação para professores e apresentação de literatura africana e afro-brasileira para estudantes, o projeto permite um dia de entendimento sobre a formação cultural brasileira e amazônica entre os seus participantes.
Na segunda-feira (21/10), o Afroliteraridades chegou na Escola chegou à EE Altair Severiano Nunes, na zona centro-sul de Manaus. Professores de Língua Portuguesa e Literatura, além de quatro turmas de 8º e 9º ano do Ensino Fundamental foram os beneficiados das atividades. Os professores tiveram contato com estratégias metodológicas para o ensino da literatura africana e afro-brasileira, desde legislações vigentes, contextos educacionais e exemplos de atividades.
Já os estudantes estiveram em contato com algumas perspectivas da literatura negra, com a apresentação, por parte dos pesquisadores, de autores africanos, escritoras negras brasileiras, poesias e discussões sobre afeto familiar e contos infantojuvenis, a partir da ótica racializada.
“Nosso objetivo é também promover uma ponte entre a universidade e a educação básica. Realizamos uma formação dupla, com alunos e professores, para potencializar os resultados”, destacou Lethicia Bernardino, coordenadora do projeto Afroliterariedades na Escola.
Debate necessário
Professora de Língua Portuguesa na unidade de ensino, a docente Thaís Coelho ressaltou a importância do debate promovido na escola. De acordo com a profissional da educação, a representatividade criada a partir do conhecimento aprofundado de personalidades marginalizadas é essencial para uma mudança de paradigma.
“Pouco se fala desse ponto de encontro entre os povos originários e africanos que compõem nossa formação social. Consumimos mais o que vem de origem europeia, e deixamos de lado aquilo que constroi nossa ancestralidade e nossa cultura. Hoje, a gente refletiu sobre isso”, ressaltou Thaís.
Para os mais novos, o dia foi também de novas descobertas. Estudante do 8º ano do Ensino Fundamental, a aluna Angélica Mercedes ressaltou o ineditismo das informações recebidas. O entendimento veio a partir da aula do professor Renê Moreira, convidado pelo grupo de pesquisadores da UEA para a atividade. O docente trabalha no Centro de Mídias de Educação do Amazonas (Cemeam) e tem pós-graduação em literatura africana.
“Nunca tinha tido contato com a literatura africana, e uma das coisas que mais me chamou atenção na aula de hoje foi a poesia. São textos muito bonitos. Aprendemos sobre a vivência e a cultura africana. Deveríamos aprender mais no dia a dia, porque, sem ela, nós não seríamos o que somos hoje”, compartilhou a aluna, de 14 anos.
A atividade continua no próximo dia 5 de novembro, agora na EE Prof. José Bernardino Lindoso, zona norte da capital. Os pesquisadores-idealizadores do projeto participam do Grupo de Estudo e Pesquisa em Estudos Comparados, Crítica e Africanidades (Gepecca), da UEA, que é vinculado também ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
FOTO: Eduardo Cavalcante / Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar