O Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Silvério Tundis completa, nesta terça-feira (04/05), 15 anos. A unidade da Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM) oferece serviço humanizado de caráter aberto, interdisciplinar e comunitário, prioritariamente às pessoas acima de 18 anos com sofrimento ou transtorno mental grave, severo e persistente.
Constituído por uma equipe multiprofissional, o Caps contabiliza cerca de 25 mil atendimentos realizados ao longo de 15 anos de atividades prestadas principalmente às zonas norte e leste da capital.
A diretora do Caps Silvério Tundis, Jânglea Campos, explica a importância do trabalho desenvolvido na unidade. “Falar do Caps é também falar da reforma psiquiátrica e do quanto ela foi importante na evolução do tratamento de pacientes acometidos por transtornos mentais, que até então somente conheciam e tinham acesso ao modelo hospitalocêntrico, os antigos manicômios, como eram chamados. Hoje, com o Caps, nós falamos de um espaço de acolhimento e de cuidado, considerado essencial como também referência para transtornos mentais severos e persistentes”, relatou.
O Caps atua de forma conjunta com as policlínicas, e articula o acesso do cidadão a esses serviços, viabilizando o atendimento de casos leves e moderados por meio da construção de um projeto terapêutico individualizado e paralelo ao tratamento medicamentoso.
Com o aumento no número de pacientes nos últimos anos, foi necessário aumentar também o número de atividades, que subiu de 19 para 25, a partir do ano de 2019, como geração de renda, desenho livre, horta de Pancs (plantas alimentícias não convencionais), coral, mosaico, leitura, karaokê, cinema, maquiagem, bijuteria, maracatu, além de oficinas direcionadas às famílias dos pacientes.
Música como terapia – O grupo Maracatu Quebramuro, com a proposta de terapia por meio da percussão, surgiu em 2011 pela cooperação do Grupo Eco de Sapopema (primeiro grupo de maracatu da cidade de Manaus) com o Caps Silvério Tundis. O projeto evoluiu e atualmente se apresenta também com músicas de composição própria.
Um dos participantes, Zé Maria, fala sobre o nome do grupo e sua importância no tratamento. “O nome do grupo significa que nós quebramos os muros do hospital psiquiátrico Eduardo Ribeiro e saímos para as ruas para termos essa liberdade. Antes eu tinha crises e ia ao Eduardo Ribeiro, mas quando você chega em crise, não há como conversar ou fazer terapia, é medicação, contenção e, antigamente, choque e camisa de força. O grupo veio para nos transformar, para nos dar força e coragem para sermos cidadãos”, disse.
Inspirado pelas composições do Mestre Joe, Zé Maria tem centenas de composições e conta que, durante o isolamento social, produziu muito, apesar de se recuperar da infecção por Covid-19. “A música foi uma inserção muito valiosa para quem participa do grupo”, ressaltou.
Segundo Jânglea Campos, durante a pandemia houve uma mudança no perfil dos usuários que procuram o serviço. “O isolamento social e a possibilidade de adoecimento e morte fizeram com que muitos evoluíssem com quadros ansiosos agudos, pânico e quadros depressivos, situações observadas na procura dos serviços Caps”, contou a diretora.
FOTOS: Geizyara Brandão/SES-AM e Divulgação/SES-AM