Este ano, 12 municípios do interior serão contemplados com intensificação de consultas e procedimentos dermatológicos
A Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), por intermédio da Fundação Hospitalar Alfredo da Matta (Fuham) deu início, nesta segunda-feira (12), no município de Presidente Figueiredo (a 117 quilômetros de Manaus), as ações do programa Dermato Saúde Amazonas, que vai intensificar a busca ativa e o tratamento de pacientes de hanseníase e demais Doenças Tropicais Negligenciadas (DTN), em 12 municípios do estado.
A ação começou com duas palestras ministradas por médicos, enfermeiros e demais profissionais de Saúde, no auditório da Prefeitura Municipal, que é uma parceira do programa e está dando apoio logístico ao trabalho. Os palestrantes foram os médicos dermatologistas Carlos Chirano, diretor presidente da Fuham, e Sinésio Talhari, pesquisador, autor de livros sobre dermatologia e profissional do quadro da unidade. Os dois falaram sobre aspectos gerais da dermatologia e, em especial, do diagnóstico e tratamento da hanseníase.
“Esse é o primeiro município onde abrimos as atividades do Programa Dermato (Saúde) Amazonas. Tivemos uma acolhida muito boa e, com certeza, esse programa vai ser só sucesso. Na próxima semana, vamos fazer Manacapuru, e nós temos, para esse ano, 12 municípios para fazer a execução desse programa”, afirmou Carlos Chirano.
Também pela manhã, chegaram e foram apresentados os técnicos da Fuham que fazem parte da equipe precursora. Eles passarão uma semana fazendo a triagem, contatos e levantamento dos pacientes já diagnosticados com hanseníase ou DTN para segunda fase do programa, que acontece na próxima semana, quando chegarão os médicos dermatologistas para uma ação de intensificação de consultas e início de tratamento, para quem não iniciou ainda.
“Nós estaremos em trabalho de campo, visitando as escolas e fazendo exames em jovens e crianças menores de 15 anos, vamos estar em uma UBS, onde estaremos fazendo triagem da população, temos programadas visitas a comunidades da zona rural, intensificando a busca ativa de hanseníase e de outras doenças (tropicais) negligenciada”, afirmou a chefe do Departamento de Controle de Doenças e Epidemiologia (DCDE) da Fuham, Valderiza Pedrosa.
Trabalho de campo
A primeira pessoa a ser visitada, já na tarde de segunda-feira, foi a parintinense Cileuza Gomes (50), que faz tratamento para hanseníase. O caso dela já foi diagnosticado e teve o tratamento iniciado. Mas a equipe da Fuham constatou a dificuldade da paciente de ir até a UBS mais próxima por causa da inflação nos nervos de braços e pernas, algo comum na doença. Moradora da comunidade Santa Cruz, cerca de 20 minutos de carro da área central da cidade, dona Cileuza tem dificuldade de caminhar pelas ruas, acidentadas do local.
A equipe da Fuham listou o nome da paciente para um atendimento especializado, na semana que vem, quando os médicos dermatologistas chegam para a segunda fase do Dermato Saúde Amazonas que acontece na cidade. Além de dona Cileuza, a filha e o neto, de 3 anos, foram examinados por conta da proximidade com a paciente infectada. É um dos procedimentos normais.
A coordenadora dos programas de atenção básica de Saúde de Presidente Figueiredo, enfermeira Marcela Almeida, considera que o Dermato Saúde AM vai melhorar o trabalho final dos profissionais de Saúde locais.
“Esse programa vai dar uma visão diferenciada aos nossos profissionais em relação aos nossos pacientes. O maior beneficiado será o nosso usuário. Aqui, temos muitas comunidades ribeirinhas. Esse treinamento vai melhorar o trabalho da nossa ponta, que são os ACS (agentes comunitários de Saúde) e enfermeiros”, afirmou Marcela.
Dermato Saúde Amazonas
As atividades do Dermato Saúde AM nos municípios tem como tarefa detectar precocemente casos novos de hanseníase; diagnosticar e tratar outras doenças negligenciadas relacionadas à pele nos municípios do Amazonas; realizar ações de investigação e vigilância de contatos de casos índices de hanseníase.
Também tem a meta de realizar ações de busca ativa de casos novos de hanseníase e outras doenças tropicais negligenciadas relacionadas a pele; fortalecer o sistema de vigilância epidemiológica e informação à saúde; realizar consultas dermatológicas e cirurgias de câncer de pele quando necessárias e realizar cirurgias preventivas e corretivas em pacientes de hanseníase.
Fotos: Arnoldo Santos/Fuham