Apesar de ter registrado quedas nas refinarias, o diesel voltou a subir nas bombas. (Foto: Agência Brasil)

Motor da economia brasileira, o diesel tem passado por oscilações constantes em 2025 — e os impactos já são sentidos por quem depende do combustível para trabalhar ou transportar mercadorias. Em Manaus, o litro já ultrapassa os R$ 6,40, reflexo de uma equação complexa que envolve política de preços, carga tributária e logística.

Apesar de ter registrado quedas nas refinarias, o diesel voltou a subir nas bombas. O principal motivo é o reajuste do ICMS, imposto estadual que tem pesado diretamente no valor final pago pelos consumidores.

“No caso do diesel, temos duas forças influenciando o preço. A política de preços da Petrobras, atrelada à cotação do barril de petróleo, e a questão tributária — principalmente o ICMS”, explica o economista Júnior Mourão.

No Amazonas, o impacto se agrava por conta da logística. Sem estradas que conectem o Estado ao restante do país, o transporte fluvial e aéreo torna tudo mais caro — inclusive para quem vive longe da capital.

“Manaus não tem estradas. Tudo o que nós consumimos vem de fora, por uma infraestrutura precária. Se o custo de vida já é alto na capital, imagine no interior”, destaca Mourão.

Na prática, o preço do diesel pressiona outros setores. O frete sobe, e com ele os preços de alimentos, produtos e serviços. Para trabalhadores autônomos, que utilizam o combustível diariamente, a situação é desafiadora.

“Tá difícil. O frete já não paga bem, e com o diesel nesse preço fica ainda mais complicado. Mas é disso que a gente vive”, desabafa o motorista Edson da Silva, que depende do transporte de cargas para sustentar a família.

O caminhoneiro Lúcio Mesquita compartilha a mesma preocupação. Segundo ele, o que antes era um custo gerenciável hoje consome boa parte da renda.

“Cinco anos atrás, gastava R$ 20 com combustível num serviço. Hoje gasto quase metade do valor que cobro. E ainda tem manutenção de caminhão, que é caríssima”, relata.

Nem mesmo a proximidade com refinarias tem garantido alívio para os consumidores. Rodolfo Gomes, motorista autônomo, conta que viu diferenças de até R$ 1,00 por litro ao cruzar estados durante uma viagem.

“Saí de Santa Catarina e quando cheguei no Amazonas, o diesel estava bem mais caro. Com refinaria aqui, imaginava que seria mais barato. Mas não é o que acontece”, diz.

Para o economista Júnior Mourão, o problema também está na tentativa de padronização da cobrança de impostos entre regiões com realidades muito distintas.

“Não dá para cobrar um ICMS nacionalizado. O custo da região Norte é muito maior por causa das distâncias e das infraestruturas precárias”, pontua.

Enquanto a economia nacional ainda se equilibra em meio a incertezas, o diesel segue como um termômetro dos desafios logísticos e financeiros do país. E no Amazonas, onde tudo chega de longe, o aumento do combustível não é apenas um dado de mercado — é um peso real no dia a dia da população.

 

*Com informações da repórter Ramilly Vieira

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