Moradores de Careiro da Várzea e Manaquiri falam dos ajustes para acompanhar o regime de aulas não presenciais

Em época de pandemia, milhares de alunos e professores da rede pública de ensino tiveram de fazer ajustes em suas rotinas para combater a proliferação do novo coronavírus no estado. Norteados pelo projeto “Aula em Casa”, regime especial de aulas não presenciais do Governo do Amazonas, eles trocaram a sala de aula pela sala de casa para que não deixassem de estudar durante o período de quarentena.

Além de Manaus, a iniciativa inédita, que consiste na transmissão de aulas por quatro canais da TV Encontro das Águas e pela Internet, engloba também alguns municípios da Região Metropolitana da capital, como Careiro da Várzea e Manaquiri. Lá, a quilômetros de distância, estudantes, pais e equipe escolar se mobilizam para superar as adversidades e acompanhar o projeto.

Professora de Física da Escola Estadual Anselmo Jacob, em Manaquiri, Milane Lima da Silva afirmou ter sido pega de surpresa com o “Aula em Casa”, mas que isso não a impediu de buscar novas ferramentas para acompanhar e auxiliar seus alunos durante as aulas. “A minha relação com os estudantes está sendo constante. Diariamente, nós conversamos via Whatsapp, onde tenho repassado informações e esclarecimentos”, destacou a educadora.

Ela conta que, dentre as maiores dificuldades enfrentadas no município, está o acesso à Internet, pois muitos residem em áreas rurais. Para driblar essa barreira, Milane tem criado, imprimido e disponibilizado planos de estudos aos alunos que não conseguem reforçar o conteúdo por meio do Youtube, Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e aplicativo “Mano”.

“O projeto tem assegurado conhecimento para nossos estudantes. Dessa maneira, eles não terão muitos prejuízos no processo ensino-aprendizagem”, acrescentou a professora.

Também da Escola Estadual Anselmo Jacob, Richardson Silva da Silva, do 8º ano, é um dos alunos que moram na zona rural. Ele, que assiste às transmissões no celular da mãe, pelo Youtube, diz que costuma fazer anotações e busca sempre aprimorar e adquirir novos conhecimentos. “Apesar de todos os desafios, posso dizer que estou obtendo excelente resultado em relação às disciplinas ministradas”, ressaltou.

Richardson revela, ainda, que tem buscado formas de incentivar os colegas a acompanharem as aulas, enviando cartelas de informações via Whatsapp. “Nossos professores e toda a equipe escolar têm sido, também, grandes incentivadores frente ao ‘Aula em Casa’. (…) É gratificante poder passar mais tempo com a família, minha mãe se tornou minha professora auxiliar”, resumiu o estudante.

Desafio – Em Careiro da Várzea, a palavra de ordem do projeto “Aula em Casa” tem sido “inovação”. Professor dos ensinos Fundamental, Médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA), Daniel Arais vem mobilizando seus alunos por meio de ferramentas e plataformas digitais, como o AVA, Google Classroom e Google Forms.

“Está facilitando o trabalho e, principalmente, as avaliações do aprendizado. Estou elaborando exercícios on-line, que são acessados via links que envio nos grupos de WhatsApp”, pontuou o educador.

Arais, que atua na Escola Estadual Tancredo de Almeida Neves, também precisou mudar toda a sua rotina de trabalho com a chegada do projeto. “Apesar de estar dentro de casa, estou acompanhando e orientando todos os grupos no Whatsapp, compostos por pais e alunos. Além de todo o trabalho de monitoramento, postando conteúdo extra e exercícios”, completou Daniel.

O professor afirma, ainda, que a equipe escolar do município está montando estratégias para chegar às comunidades mais isoladas e levar orientações e materiais didáticos aos estudantes. “A relação com os alunos está sendo bem tranquila. Estamos sempre reforçando que esse é um momento especial e que precisamos estar empenhados nos objetivos de prosseguir os estudos sem prejuízo para eles”, destacou.

Estudante do 3º ano do Ensino Médio, também da Escola Estadual Tancredo de Almeida Neves, Missaella Menezes da Silva conta que o “Aula em Casa” está sendo uma “experiência interessante e inovadora”. “A mobilização de toda a comunidade escolar vem sendo bastante proveitosa. Por meio das redes sociais, os professores estão se empenhando para tirar nossas dúvidas e nos trazendo mais informações”, acrescentou a aluna.

Ela diz que teve de se acostumar com os novos horários, mas que, no geral, foi uma mudança boa, pois o trajeto até a unidade escolar é um pouco cansativo para alguns amigos. “Temos um grupo em uma rede social e, nele, incentivamos, juntamente com os professores, aqueles colegas que não conseguiram assistir às aulas no horário. Repassamos as atividades e os conteúdos para eles”, ressaltou.

“Acima de tudo, temos nossas dificuldades. Mas a cada dia nos esforçamos mais, e a nossa instituição de ensino não mede esforços para nos ajudar, apesar de todos os obstáculos”, finalizou Missaella.

FOTOS: Divulgação

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