Por Lizelanne Guimarães | TV Encontro das Águas – Belém (PA)
A menos de 30 dias para o início da COP30, que será realizada entre 10 e 21 de novembro em Belém do Pará, a capital amazônica vive dias intensos de obras, ajustes logísticos e preparação para sediar uma das conferências mais importantes do planeta. A cidade se transforma em um grande canteiro de obras enquanto enfrenta o desafio de garantir infraestrutura, hospedagem e mobilidade adequadas para receber chefes de Estado, delegações internacionais, cientistas, ativistas e representantes da sociedade civil.
Obras e preparativos acelerados
Por toda Belém, o clima é de contagem regressiva. Ruas estão sendo recapeadas, praças reformadas e novos espaços erguidos para atender às exigências do evento. Entre as principais frentes, destacam-se a Vila dos Líderes, onde ficarão hospedados chefes de Estado, e os projetos de revitalização urbana que incluem parques, avenidas, áreas de convivência e drenagem.
Apesar dos avanços, parte das obras ainda não foi concluída. Greves no setor da construção civil e o ritmo intenso de intervenções levantam dúvidas sobre a entrega de todos os projetos a tempo. Ainda assim, o governo estadual e a prefeitura asseguram que os cronogramas estão sendo cumpridos e que Belém estará pronta para receber o mundo.
No campo da mobilidade, a cidade terá rotas exclusivas de transporte público para credenciados, reforço na frota de ônibus, trabalho remoto para servidores, férias escolares antecipadas e sistemas especiais de deslocamento entre aeroporto, hotéis e zonas oficiais da conferência.
Hospedagem: o maior desafio
A poucos dias do evento, o maior gargalo ainda é a hospedagem. O número de leitos em Belém é limitado e a alta demanda fez os preços dispararem. Algumas diárias chegaram a ser cotadas com valores até dez vezes superiores ao normal, o que provocou críticas de delegações estrangeiras.
A plataforma oficial da COP30 oferece cerca de 2.700 opções de hospedagem, entre hotéis, casas, apartamentos e embarcações adaptadas como navios-hotel. No entanto, até o início de outubro, apenas cerca de um terço das delegações havia confirmado reserva.
Países com menos recursos, como a Letônia e algumas nações africanas, chegaram a cogitar participação remota devido aos custos elevados. Em resposta, o governo brasileiro articula subsídios e cotas de quartos a preços reduzidos para garantir a presença de todos os participantes.
Enquanto isso, moradores locais relatam aumento dos aluguéis e transformações em imóveis destinados à locação temporária, o que levanta debates sobre especulação imobiliária e impactos sociais.
As pautas em debate
Com o tema “A Amazônia no centro das decisões globais”, a COP30 promete ser histórica por ocorrer no coração da floresta tropical mais importante do planeta. Entre os temas prioritários estão:
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Financiamento climático, com destaque para o fundo internacional Tropical Forest Forever Facility, que prevê US$ 125 bilhões para países que preservam florestas.
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Biodiversidade e conservação amazônica, com novos mecanismos de compensação ambiental e estímulo ao mercado de carbono.
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Transição energética justa, incentivando o abandono gradual dos combustíveis fósseis.
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Adaptação e resiliência climática, com políticas para mitigar eventos extremos e desastres ambientais.
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Justiça climática e inclusão social, garantindo a participação de povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos nas discussões.
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Inovação e tecnologia limpa, com foco em soluções sustentáveis e atração de investimentos verdes.
Além das negociações formais, a COP30 contará com Dias Temáticos, que abordarão assuntos como energia, alimentos, água e florestas, conectando a agenda diplomática às realidades locais.
Expectativas e riscos
Realizar uma conferência global na Amazônia é um feito histórico e simbólico. Belém se prepara para mostrar ao mundo a riqueza de sua cultura e o potencial da floresta viva como parte essencial da solução climática.
Mas os desafios são grandes: atrasos em obras, preços elevados e limitações estruturais testam a capacidade organizacional do país. Se tudo ocorrer dentro do esperado, a COP30 poderá consolidar o Brasil como protagonista das negociações ambientais e dar visibilidade inédita à Amazônia.
Caso contrário, os problemas logísticos podem ofuscar um evento que nasceu para marcar uma nova era nas políticas climáticas globais.
COP30 – A Amazônia em pauta.
Acompanhe a cobertura completa da TV e Rádio Encontro das Águas direto de Belém do Pará.



