Proporcionar qualidade de vida e diminuir o tempo de internação do paciente com câncer, ao ajudá-lo no tratamento de feridas causadas pela doença e de úlceras por pressão. Essas são algumas atividades desenvolvidas dentro da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon) pelo serviço de estomoterapia. A unidade hospitalar possui mais de 300 pacientes que utilizam esse tipo de tratamento.
A estomoterapia é uma atividade exclusiva do enfermeiro, voltada para os cuidados com a pele e o tratamento de estomias, feridas agudas e crônicas, fístulas, drenos e cateteres, por exemplo. Na FCecon, esse trabalho é desenvolvido pela Comissão de Cuidados com a Pele, com o apoio do Núcleo de Segurança do Paciente (NSP) e da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), a fim de evitar a contaminação e as infecções hospitalares.
O paciente Davi Simão Benoliel, 68 anos, é um dos beneficiados pelo serviço de estomoterapia. Ele explica que há 10 anos apresenta uma ferida no pé esquerdo. Atualmente, Benoliel realiza tratamento com laserterapia – terapia que acelera o processo de cicatrização –, melhorando, consideravelmente, a dimensão da lesão e garantindo-lhe qualidade de vida. “Iniciei o procedimento no mês de julho de 2019, e, hoje, é visível a diminuição da ferida”, destaca.
Conforme o diretor-presidente da FCecon, mastologista Gerson Mourão, esse tipo de serviço é comum em hospitais que lidam com o câncer, entre eles o Instituto Nacional de Câncer (Inca) e o Hospital A.C Camargo. Segundo ele, isso se deve ao fato da doença causar feridas que afetam a vida do paciente, parentes e amigos. “Tratando essas feridas podemos dar mais qualidade de vida ao paciente”, frisa.
Treinamentos – Enfermeiro estomoterapeuta, Ricardo Sérgio Xavier Pinto explica que a Comissão de Cuidados com a Pele, NSP e CCIH, capacitam técnicos de enfermagem para auxiliarem os enfermeiros no tratamento das feridas causadas pelo câncer. Ele informa que esses profissionais prestam assistência no Ambulatório, Urgência e Emergência, Pediatria, Cuidados Paliativos e Enfermarias.
“Os casos mais complexos são acompanhados pelos enfermeiros estomoterapeutas. É analisado, por exemplo, o tipo de lesão e os produtos necessários para tratá-la. O sucesso da assistência vai depender do trabalho multidisciplinar, que envolve enfermeiros, médicos, nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas, e, assim, possibilitando a melhora do quadro clínico do paciente”, pontua Ricardo Xavier.
Feridas oncológicas – Infelizmente, conforme Ricardo Xavier, as feridas causadas pelo câncer são incuráveis, devido à característica da doença. Todavia, ele explica que é possível amenizar o processo de evolução quando tratamentos complementares são inseridos, por exemplo, Quimioterapia, Radioterapia, Hormonioterapia, além do acompanhamento multiprofissional.
“As feridas causadas pelo câncer são diferentes das lesões por pressão ou das fístulas, que são curáveis. Porém, ao tratarmos essas feridas é possível diminuir os traumas, como a depressão. Isso ocorre porque muitos pacientes se isolam e/ou são isolados da sociedade e na sua própria casa, devido ao odor e as deformidades causadas pelas lesões”, lamenta Ricardo Xavier.
FOTO: Luís Mansueto/FCecon