Irmãs nasceram na maternidade Ana Braga e realizaram o procedimento no Hecad, hospital de referência, em Goiânia. (Fotos: SES/Am e SES/GO)

Duas histórias que começaram unidas pelo corpo agora seguem caminhos independentes, mas igualmente marcados pela superação. As gêmeas siamesas Yasmin Vitória e Eliza Vitória, naturais do Amazonas, receberam alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Estadual da Criança e do Adolescente de Goiás (Hecad), onde passaram por uma cirurgia complexa de separação em maio deste ano. Ambas seguem em reabilitação, com quadro clínico estável e boa resposta ao pós-operatório.

Yasmin e Eliza nasceram no dia 9 de abril, na Maternidade Ana Braga, em Manaus, unidas pelo tórax e abdômen — uma condição rara chamada tórax-onfalopagia. Logo após o nascimento, com apoio da Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM), as meninas foram transferidas para Goiânia por meio do Programa de Tratamento Fora de Domicílio (TFD), utilizando uma UTI aérea especializada.

A cirurgia de separação, realizada no dia 13 de maio, durou cerca de cinco horas e envolveu uma equipe multidisciplinar. O procedimento incluiu a separação do fígado, órgão compartilhado pelas gêmeas, e a reconstrução das estruturas abdominais de cada uma.

A primeira a deixar a UTI foi Eliza, no dia 23 de junho. Yasmin recebeu alta uma semana depois, no dia 30. Agora, ambas seguem internadas em enfermaria, onde passam por sessões de fisioterapia e fonoaudiologia.

Segundo o boletim médico, Eliza apresenta cicatrização adequada da cirurgia e já está clinicamente pronta para receber alta hospitalar. Yasmin ainda passa por transição da alimentação por sonda para via oral e tem necessidade de curativos diários e oxigênio suplementar, que vem sendo reduzido gradualmente.

A mãe das gêmeas, Elizandra Cunha, que acompanhou todo o processo de perto, falou sobre a emoção de ver as filhas vivendo separadas.

“Esse momento foi muito esperado por toda a família e, graças a Deus, deu tudo certo. É muito emocionante. A nossa expectativa agora é voltar para Manaus e, em seguida, para a nossa cidade, Monte Alegre”, contou.

Natural de Monte Alegre (PA), Elizandra decidiu realizar o pré-natal em Manaus, iniciando o acompanhamento na Maternidade Nazira Daou, especializada em gestação de alto risco. Após o nascimento, as gêmeas foram encaminhadas para a Fundação Hospital do Coração Francisca Mendes, onde realizaram exames detalhados antes da transferência para o Hecad.

Mais de 100 profissionais da rede estadual de saúde participaram das etapas de acolhimento, diagnóstico e preparação para o procedimento. Para o governador Wilson Lima, o caso representa um exemplo do que o SUS pode oferecer com integração entre estados.
“A história que a gente estava acompanhando teve um desfecho muito feliz. São histórias como essas que nos motivam cada vez mais e dão o gás necessário para a gente continuar trabalhando, melhorando toda a rede estadual de saúde”, afirmou, em publicação nas redes sociais.

Cooperação e esperança

A cirurgia das gêmeas simboliza a força do Sistema Único de Saúde e da cooperação entre estados para garantir acesso a procedimentos de alta complexidade. O caso de Yasmin e Eliza também reforça a importância do TFD como política pública de saúde para situações que exigem tratamento fora do estado de origem.

 

*Com informações da Agência Amazonas

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