Cuidados oferecidos pela Fundação evitam “sensibilização” da mulher, que pode ocasionar doença ou até o óbito do bebê numa próxima gravidez

Silvana Oliveira, de 23 anos, tem sangue Rh negativo, e o marido, Rh positivo. Com 8 meses de gestação, ela já sabia que o tipo sanguíneo do bebê era negativo, e procurou a Fundação Hospitalar de Hematologia e Hemoterapia do Estado do Amazonas (Hemoam) para receber os cuidados que essa condição específica demanda à gestante.

“Minha mãe sempre me alertou sobre essa questão do meu fator Rh negativo. Quando engravidei, não sabia como iria fazer esse acompanhamento, e ao iniciar meu pré-natal, a primeira coisa que eu informei foi sobre meu fator Rh negativo e a enfermeira me explicou tudo, o que poderia causar, onde estava o problema e que existia o acompanhamento, e então eu procurei. Eu me sinto bem e segura, por saber que este procedimento pode prevenir tanto para mim quanto para minha filha”, conta a paciente.

Por ano, mais de 8.000 gestantes de Rh negativo são acompanhadas pelo Hemoam até o 8º mês da gestação para garantir que a gravidez prossiga com segurança. Esse cuidado é necessário porque, quando a mulher tem sangue de fator Rh negativo e o marido tem o Rh positivo, o bebê tem chance de ser Rh positivo. Quando isso se dá numa primeira gravidez, pode ocorrer o que os médicos chamam de “sensibilização” da mãe para a próxima gestação, quando ela desenvolve anticorpos contra o antígeno-D do bebê. Isso abre portas para a Doença Hemolítica do Recém-Nascido (DHRN) ou até levar a criança a óbito.

Para evitar que isso aconteça, o Hemoam acompanha o período gestacional dessas mães a cada dois meses, realizando os exames de tipagem sanguínea e coombs indireto, teste que verifica a presença de anticorpos irregulares, principalmente o anti-D. As amostras são coletadas pelo Laboratório de Analises Clínicas (LAC) e analisadas pelo setor de Imuno Hematologia.

“É importante que grávidas com o fator Rh negativo façam esse acompanhamento desde os primeiros meses da primeira gestação, para evitar a formação do anticorpo contra o antígeno-D do bebê, o que pode causar hemólise e daí a Doença Hemolítica do Recém-Nascido, que é quando o bebê apresenta icterícia, fica com a pele amarela e precisa receber cuidados”, ressalta a técnica de Hemoterapia, Claudia da Costa.

A gerente do setor de Imuno Hematologia do Hemoam, Socorro Almeida, alerta sobre o procedimento necessário caso a mulher de Rh negativo que tenha desenvolvido sensibilização pela falta de acompanhamento na primeira gravidez passe por nova gestação.

“(Nesse caso) o teste coombs indireto vai detectar o anticorpo anti-D presente nela. Nesse caso, nós vamos realizar uma ‘titulação’, exame que vai verificar a quantidade de anticorpo que está circulando na corrente sanguínea dessa mãe. Há casos em que a titulação permanece baixa e a gravidez ocorre estável, não chegando a provocar hemólise nesse bebê. Há outros casos de mães com a titulação altíssima, e é nesses casos que pode acontecer o aborto, o nascimento prematuro, ou quando o bebê nasce é com a doença hemolítica”, afirmou.

Karoline de Lima, 35, também é Rh negativa e o esposo é Rh positivo. Ela está recebendo acompanhamento em sua quarta gestação, considerada de alto risco, porque nas primeiras não teve muita sorte, sofreu dois abortos.

“Na minha primeira gestação não recebi acompanhamento, e antes de completar 9 semanas sofri o primeiro aborto. Na segunda, procurei os cuidados, mas ainda assim o bebê nasceu com uma infecção no sangue, apresentou icterícia e ficou internado durante nove dias. Ele nasceu com fator Rh negativo, hoje está com 5 anos e não tem sequela nenhuma, graças a Deus”, recorda.

Karoline passou ainda por uma terceira gravidez, na qual sofreu o segundo aborto, com 4 meses, mesmo sendo acompanhada. Ao iniciar a quarta gestação, ela logo iniciou o acompanhamento, e hoje está no 6º mês. “Já estou fazendo a quarta coleta. Receber esse acompanhamento para mim é fundamental, preciso saber se está tudo bem com meu bebê, porque o meu histórico me deixa com muito medo, e minha gravidez é de risco”, contou a paciente.

O procedimento que evita a sensibilização envolve a aplicação de uma vacina na mãe logo após o nascimento da criança. “Se o bebê for Rh negativo, não será necessário aplicar essa vacina na mãe, ela será aplicada somente se o bebê tiver o Rh positivo. Se o Rh do bebê for positivo, a gestante receberá uma espécie de vacina chamada ‘Imunoglobulina Humana’, que vai prevenir a formação do anticorpo anti-D”, ressalta Socorro Almeida, Gerente de Imuno Hematologia do Hemoam, explicando que a prevenção da DHRN “deve ser feita em até 72 horas após o parto”.

Atendimento – Gestantes Rh negativas podem procurar assistência na Fundação Hemoam, localizada na avenida Constantino Nery, 4.397 Chapada. É necessário apresentar solicitação médica (se houver) e um documento oficial e original com foto. O atendimento é realizado no Laboratório de Análises Clínicas (LAC), no bloco A, de segunda a sexta, das 6h às 11h30. Mais informações podem ser obtidas pelo número (92) 3655-0104.

FOTOS: Divulgação/Hemoam

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