Responsável por conduzir casos de crianças e adolescentes envolvidos em infrações criminais, a Delegacia Especializada em Apuração de Atos Infracionais (Deaai), da Polícia Civil do Amazonas, tem empregado alternativas para melhorar o trabalho com os jovens e auxiliá-los a sair do mundo do crime. Além do rigor na apuração das ocorrências para que os menores apreendidos sejam submetidos às penalidades legais, a unidade policial também atua com orientação psicossocial.
No ano passado, a unidade policial registrou a apreensão de 2,8 mil jovens envolvidos em ocorrências criminais. Além dos menores, as vítimas dos crimes também recebem atendimento psicossocial.
Com os jovens, o objetivo é identificar motivações por trás dos atos que possam ser trabalhadas de forma terapêutica, com psicólogos. Adolescentes que cometem infrações penais, como ameaça e injúria, e até mesmo aqueles envolvidos em atos hediondos, como estupro e homicídio, são avaliados. O atendimento é feito na especializada e, por mês, cerca de cem pessoas passam pelo trabalho.
De acordo com Elizabeth de Paula, titular da Deaai, após quatro anos à frente da delegacia, é possível afirmar hoje que o maior problema do menor infrator não é a dependência química, mas a questão comportamental, que pode ser tratada com acompanhamento psicológico e, em alguns casos, até psiquiátrico.
“Na maioria das vezes são vítimas dos abusos, as vítimas de uma separação de pai e mãe, as vítimas das perdas. O adolescente infrator é fruto de problemas comportamentais. O uso de drogas só intensifica o problema que já existe. Preliminarmente a gente identifica quando eles chegam, vêm através de um pedido de socorro familiar, pais desesperados com o filho rebelde na adolescência. Nós identificamos o ato infracional e orientamos para acompanhamento psicossocial”, ressaltou.
Os resultados são significativos, segundo a delegada. Muitas vezes, apenas com uma conversa com profissionais, o menor infrator que vinha ameaçando ou injuriando os pais e familiares adota novo comportamento, deixando de cometer o ato infracional. Como exemplo, ela cita o caso de uma menina de 15 anos, usuária de drogas, e que, após acompanhamento psicológico, conseguiu abandonar o vício.
“É um trabalho que rende resultados efetivos, mas é tudo uma construção. Temos alguns casos de adolescentes envolvidos em furtos, ameaças e injúrias aos pais e até em casos de estupro em que, por meio do atendimento psicossocial, nós conseguimos identificar a origem desse comportamento. Uma coisa que está sendo mal cuidada, mal trabalhada, resulta em crimes”, comenta Elizabeth.
Conforme a autoridade policial, o auxílio é uma mão estendida ao jovem que quer encontrar alternativas e abandonar a criminalidade. “Todos os casos que chegam à delegacia são judicializados e eles sofrem as sanções do direito penal”, afirmou.
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