Iniciativa será realizada até 5 de julho, no Centro de Artes Integradas do Amazonas (Caia), com oficinas que integram ancestralidade, comicidade e acessibilidade cultural. (Fotos: Divulgação)

Com oficinas, provocações cênicas e um mergulho na ancestralidade, começou nesta quarta-feira (3), em Manaus, o projeto “Gira de Palhaças – Em busca do riso”. A proposta reúne mulheres de diferentes trajetórias para vivências artísticas baseadas na palhaçaria, uma linguagem cênica que mistura humor, escuta, afeto e crítica social.

A programação segue até o próximo domingo (7), com oficinas no Centro de Artes Integradas do Amazonas (Caia), no bairro São Geraldo, e apresentações gratuitas no Espaço Cultural Muiraquitã. A iniciativa é realizada pela Aluá Produções em parceria com a Coletiva de Palhaças e conta com apoio institucional do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Cultura, além de recursos da Política Nacional Aldir Blanc.

Logo no primeiro dia, o grupo deu início às oficinas com exercícios de respiração, relaxamento e escuta. Um preparo que, mais do que técnico, é simbólico: antes de fazer rir, é preciso sentir e se reconhecer. “O projeto busca a formação de palhaças aqui na cidade de Manaus, com foco em mulheres negras e periféricas, trazendo outras referências que não as eurocentradas e masculinas que historicamente dominaram esse campo”, explica a atriz e pesquisadora Daniely Lima, idealizadora da proposta.

A “Gira” é pensada como um espaço seguro e provocador, que acolhe identidades diversas — mulheres negras, indígenas, periféricas, mães, cuidadoras, com deficiência, travestis, lésbicas e bissexuais — para explorar a comicidade como potência de expressão e transformação.

Para a estudante de teatro Sophia Calandrinni, que já participou de outras formações da Coletiva, a experiência é inspiradora. “Quando a gente escuta ‘coletiva de palhaças’, já sente um poder diferente. É um lugar em que a gente pode ser mulher e ter acesso a um conhecimento construído por mulheres”, destaca.

O projeto conta ainda com o apoio do Caia Casa Criativa, espaço cultural dedicado a impulsionar iniciativas artísticas lideradas por mulheres. “Uma das nossas missões é apoiar projetos como esse, que ajudam a ocupar espaços e fortalecer redes”, afirma a gestora Rafaela Guimarães.

Mestres da cena e da escuta

A programação inclui oficinas com artistas que cruzam arte, política e ancestralidade. Além de Daniely Lima, a “Gira” conta com a diretora e arte-educadora Ananda Guimarães, idealizadora do coletivo ADA, Artistas DEFs do Amazonas, e criadora da metodologia Encruzilhada DEF, voltada a corpos com deficiência na cena.

O encerramento do projeto será comandado por uma das pioneiras da palhaçaria no Brasil: Antônia Vilarinho, referência nacional na chamada “Palhaçaria de Terreiro”. Com mais de 30 anos de atuação, ela une espiritualidade, cultura popular e comicidade em um trabalho potente e sensível.

No domingo (7), a partir das 13h, o projeto será encerrado com uma celebração aberta ao público no Espaço Cultural Muiraquitã, no bairro Aleixo. A programação inclui uma mostra do processo criativo vivenciado pelas participantes, além de atrações musicais como o grupo Samba das Moças e a DJ Blue.

 

*Com informações da repórter Érica Oliveira e Agência Amazonas

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