“Muitas pessoas acham que só pode registrar um desaparecimento após 24 horas, e isso não é verdade”, alerta a delegada Catarina Saldanha Torres, titular da Delegacia Especializada de Ordem Política e Social (Deops), da Polícia Civil do Amazonas. A unidade é a especializada em registro e investigação sobre os casos de desaparecimento envolvendo pessoas acima de 18 anos.
Até fevereiro deste ano, o sistema de segurança recebeu 214 notificações de desaparecimento de pessoas. Esses casos ocorrem após familiares, amigos ou vizinhos sentirem falta da pessoa, e buscarem o socorro das autoridades. Esses dados, contudo, não significam que os cidadãos de fato estejam desaparecidos, pois há entre os casos pessoas que fogem de casa, passam finais de semana longe sem avisar familiares, entre outras situações.
De acordo com Catarina Torres, as pessoas que mais desaparecem são as que sofrem distúrbios mentais, idosos com Alzheimer, pessoas com deficiência ou aqueles que sofrem acidentes e são hospitalizados, inicialmente, sem identificação. “Logo que perceber a anormalidade na rotina da pessoa, se deu sinais de que não está sendo localizada, deve procurar imediatamente a polícia”, aconselha Catarina Torres.
A delegada ressalta, ainda, que o apoio da sociedade, por meio do compartilhamento das imagens das pessoas desaparecidas, é de suma importância para o desfecho dos casos.
“O primeiro trabalho é receber a comunicação de familiares ou amigos por meio do Boletim de Ocorrência (BO). Depois disto, a divulgação das imagens dos desaparecidos, que é essencial para encontrá-los. Em Manaus, existe um banco de imagens e dados de pessoas desaparecidas, criado pelo Ministério Público, para ajudar no trabalho de divulgação e localizar essas pessoas”, explica a titular da Deops.
No ano passado, a Secretaria de Segurança do Amazonas (SSP-AM) e o Ministério Público do Estado (MP-AM) firmaram acordo de cooperação técnica, por meio do Sistema Nacional de Localização e Identificação de Desaparecidos (Sinalid), para o enfrentamento do desaparecimento de pessoas.
“O acordo ajudou muito na agilidade da divulgação e localização dos desaparecidos em nível nacional e até internacional, pois mantém um fluxo de dados e documentos das pessoas desaparecidas, incluindo a identificação de corpos, a identificação de desaparecidos no sistema prisional e o intercâmbio de informações”, enfatizou a titular.
O documento prevê ações por parte do MP, das Delegacias Especializadas em Ordem Política e Social (Deops) e de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), da Polícia Técnico-Científica, do Instituto Médico Legal, do Instituto de Criminalística e da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap).
A delegada Joyce Coelho, titular da Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), explica que o registro de desaparecimento de crianças e adolescentes pode ser feito em qualquer Distrito Integrado de Polícia (DIP), sendo posteriormente encaminhado à especializada, que irá atuar na investigação da ocorrência.
Segundo a delegada, a maior parte dos casos de desaparecimento de crianças e adolescentes está relacionada com situações de abandono de lar, e não com o tráfico humano.
O que fazer em casos de desaparecimento?
• Checar se, de fato, a pessoa está desaparecida
• Se for comprovado o desaparecimento, ir imediatamente registrar o Boletim de Ocorrência (BO)
• Ir à sede da Deops, localizada na Delegacia Geral de Polícia Civil, em frente ao Sambódromo. A unidade funciona de segunda a sexta-feira. Nos fins de semana e no período da noite, o registro pode ser feito em qualquer DIP
• Na hora de realizar o BO, é importante os documentos de identificação, uma fotografia recente e a descrição minuciosa do desaparecido
• O número de telefone da unidade policial é o (92) 3214-2268
FOTO: Roberto Carlos