Inaugurada no dia 26 de março de 1990, a Vila Olímpica de Manaus completou 29 anos de atividade. Administrada pela Secretaria de Estado de Juventude, Esporte e Lazer (Sejel), a Vila Olímpica tem mais de 228 mil metros quadrados e desde a sua criação leva o nome do Amazonas para além das fronteiras do Brasil, com a revelação de atletas que conquistam títulos em modalidades que começaram nas escolinhas de iniciação esportiva, e com o seu trabalho de relevância social.
“A nossa Vila Olímpica nos orgulha muito e temos trabalhado incansavelmente para que tenhamos professores mais qualificados e um espaço de excelência para a nossa população. São 29 anos de boas histórias e conquistas. Nosso objetivo é contribuir e levar mais esporte e lazer através dessa ferramenta de transformação, que é a Vila Olímpica de Manaus”, comentou o titular da Sejel, Caio André.
A Vila Olímpica detém uma das mais modernas pistas de atletismo do Brasil, composta de um espesso colchão de brita e granito compactado, num total de 6 mil metros cúbicos, revestida com bases em camadas, uma de concreto asfáltico, outra de massa asfáltica e um revestimento final de Sportflex. A pista foi palco de grandes eventos da modalidade, como três Sul-Americanos de Atletismo adulto e um de menores, um Troféu Brasil de Atletismo, uma Copa América, um Ibero-Americano, um Pan de Marcha Atlética, um Sul-Americano de Cross Country, um Sul-Americano de Maratona, uma Meia-Maratona e tantos outros feitos no espaço. Atualmente, além de receber grandes eventos do esporte, é local da escola de iniciação em atletismo.
Dentro da Vila, há, também, as quatro quadras desportivas, sendo uma de areia, a qual homenageia personalidades que fizeram história no esporte Amazonense, como o treinador Waldemar Baia Soares, do futsal, Danilo José Sobral Peres Junior, do vôlei, e Armando Jimenez da Silva, do judô. Entre os complexos esportivos estão ainda os da modalidade de boxe, ginástica e de tênis de mesa, que goza de um dos mais completos espaços da região norte com pisos e mesas oficiais, deixados pelo legado olímpico do Rio 2016.
Em fase de conclusão, está a piscina olímpica, que é reconhecida como uma das melhores do mercado e mede 25,00m x 50,00m, com dois metros de profundidade e 15 anos de garantia. Com tecnologia altamente moderna, é toda de aço inox, pré-moldada, com paredes, revestimento do pavimento e calhas de transbordamento separadamente ou em combinação.
Destaques internacionais – Por meio de todos esses aparatos esportivos, a Vila Olímpica é berço de grandes campeões que são conhecidos e reconhecidos internacionalmente por conquistas que se iniciaram aqui, a exemplo do velocista Sandro Viana, que foi bronze nas Olimpíadas de Pequim 2008. Ele tem tanta ligação com a Vila Olímpica que aniversaria no mesmo dia e também acompanhou a inauguração do espaço.
“Eu vim para a Vila Olímpica de bicicleta no dia da inauguração, na curiosidade. Vi na pista de atletismo os grandes atletas da época. Assisti as provas e nunca imaginei ser velocista. Iniciei no basquete e depois fui para a natação por mais de 10 anos. Aos 24 anos, fui para o atletismo e descobri minha verdadeira vocação. A Vila é parte de mim e eu faço parte dela. É tanta ligação que aniversariamos no mesmo dia”, observa Sandro.
“A Vila é muito especial e eu a tenho como uma parte de mim, da minha família, da minha casa, até porque eu me sinto à vontade aqui. Até hoje, em qualquer lugar do mundo que eu esteja, eu invoco a imagem da Vila na minha cabeça e me reinicio, pois tudo que eu aprendi aqui, eu uso diariamente. Meu desejo é que ela alcance o dobro de idade e formando bons cidadão e atletas, que é sua principal função”, enfatiza o medalhista olímpico.
Handebol – Outra personalidade que realiza trabalhos até hoje na Vila, é o professor Walmir Prado Alencar. Atleta de várias modalidades como futsal, vôlei e tênis de mesa, Walmir ganhou projeção nacional no handebol. Ele além, de atleta foi treinador da seleção amazonense de handebol de 1974 a 1989, onde conquistou o Brasileiro Estudantil de 1976, em Porto Alegres (RS), e o Brasileiro de Clubes de 1976, em Belo Horizonte (MG). Com a inauguração da Vila Olímpica, o handebol passou a ter um ponto de referência em Manaus, onde as diversas gerações de atletas da modalidade passaram a se preparar para representarem o Amazonas.
Medalhas – Walmir ressalta que a Vila tem papel primordial na sociedade, uma vez que resgata jovens, contribui com a segurança e a saúde de todos. “Desde a sua criação, a Vila Olímpica tem uma função essencial para a sociedade, pois tira os jovens da ociosidade, faz com eles estejam na prática de modalidades e assim configura uma segurança para os mesmos. Para o esporte em si, ganhamos muito com o Centro de Treinamento de Alto Rendimento do Amazonas (Ctara). Antes, os nossos números de conquistas era umas 40 medalhas. Com o Ctara, fomos a mais de 400. Isso só mostra o quanto este grande espaço fez, faz e pode fazer pela população do nosso estado” concluiu.
Função social – De acordo com Luiz Borges, presidente da Associação das Confederações e Federações Desportivas Olímpicas e não Olímpicas do Amazonas (ADA), o complexo sempre foi local de transformação de vidas, onde os jovens encontravam nos espaços da Vila as oportunidades para mudarem de vida. Se transformaram em atletas e como atletas viajaram o Brasil inteiro. “Nossa Vila é um local completo para um atleta que quer focar no seu alto rendimento. Aqui, eles cresceram nas modalidades. São vários exemplos. O lutador do UFC, Ronaldo Jacaré, que começou nas artes marciais dentro da Vila e atualmente é um espelho para nossos jovens”, lembrou.
São muitos os personagens que poderiam falar sobre a Vila Olímpica de Manaus, das mais diversas classes sociais aos mais variados profissionais, como o “Seu” Chiquinho, funcionário mais antigo ou o senhor Roberto Gesta de Melo, idealizador e primeiro administrador; Jeferson Mascarenhas, nosso grande nadador, e Maurren Maggi, que por aqui passou antes do ouro olímpico. De Ligia Santos do tênis de mesa a Gustavo Paulino dos Santos, do tiro com arco, de Walter Neto a Antônio Pizzonia, que iniciaram na pista de Kart, a Vila Olímpica é um patrimônio do povo amazonense, consolidado em quase três décadas de trabalho, mas que presta diariamente serviços ao Amazonas, ao Brasil e ao mundo.
FOTOS: MAURO NETO/SEJEL